Não à indignação seletiva
postado em Artigos
11/2017
Por Ricardo Amorim
Ultimamente, qualquer conversa acaba caindo na indignação geral com a corrupção que tomou conta do paÃs e com a impunidade que pune a todos nós brasileiros, enquanto lÃderes polÃticos saem ilesos.
Considerando a extensão e a profundidade dos escândalos, seria chocante se isso não acontecesse. Só vamos construir o paÃs que queremos combatendo a cleptocracia que se apoderou do Estado brasileiro. Isso só acontecerá reformando-se legislações que perpetuam a impunidade e a corrupção, como a indicação polÃtica de ministros dos tribunais de contas e do STF e o foro privilegiado de congressistas, presidente e governadores.
O que me surpreende é não encontrarmos a mesma indignação e mobilização popular para eliminarmos outras ilegalidades que também limitam nosso desenvolvimento e o bem estar dos brasileiros, como sonegação de impostos e fraudes. Como exigir punições exemplares de nossos lÃderes polÃticos enquanto permanecemos coniventes com outras práticas ilÃcitas?
Felizmente, iniciativas para mudar este quadro já estão brotando. Bom exemplo é o Movimento CombustÃvel Legal, liderado pelo Sindicom – Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de CombustÃveis e de Lubrificantes. Ele combate a sonegação de impostos e as fraudes no setor. Só no ano passado, R$ 4,8 bilhões em tributos deixaram de ser arrecadados. Sonegadores aproveitam a lentidão e frouxidão da Justiça, que não diferencia devedores contumazes – que adotam o não pagamento de impostos como prática – dos eventuais – que alguma vez atrasaram o pagamento de algum imposto.
Com o valor sonegado daria para bancar o ensino de quase 2 milhões de crianças durante um ano. Outras alternativas? Que tal pagar os salários anuais de mais de cem mil policiais ou duplicar 1.100Km de estradas? Tão maléficas quanto a legislação que permite a impunidade dos polÃticos, são as leis que favorecem devedores contumazes.
O Movimento CombustÃvel Legal combate também as bombas fraudadas e a adulteração de produtos, práticas que lesam os consumidores há tempos. Aqui, o principal problema é a fiscalização, que fica muito aquém do necessário. A solução? A criação de forças-tarefas permanentes lideradas pelos estados, com o apoio da ANP, Secretarias da Fazenda, Ministério Público, Procon, IPEM e polÃcia.
Precisamos de mais movimentos assim. Vamos apoiar as novas iniciativas que surgirem. Nenhum salvador da pátria vai resolver os problemas do paÃs por nós. Só nos mesmos podemos fazer isso.
Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner e ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças.
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