Adeus 2013; que venha 2014
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Revista Man Magazine
10/2013
Por Ricardo Amorim
Recentemente, realizei uma palestra sobre perspectivas econômicas em um encontro de executivos da MAN Latin America. Essencialmente, tentei desenhar o mapa do que acredito que será o ambiente econômico no Brasil em 2014 e nos próximos anos. Vamos a ele.
Para começar, prepare-se para mais um ano de crescimento baixo do PIB, provavelmente na faixa de 2% a 3%. Desde 2011, esgotaram-se dois fatores que permitiram um crescimento acelerado no perÃodo de 2004 a 2010: incorporação de mão de obra ao mercado de trabalho e maior utilização de infraestrutura já existente. Com isso, nosso ritmo de crescimento caiu. Para voltarmos a sustentar um crescimento mais acelerado precisamos acelerar muito os investimentos em qualificação de mão-de-obra, máquinas, equipamentos e infraestrutura. Como isto não deve acontecer em 2014, o crescimento ainda deve ser fraco. Quem sabe após as eleições de 2014…
Prepare-se também para um dólar em queda. Dificilmente, o Banco Central americano (Fed) terá condições de suspender os estÃmulos monetários nos próximos trimestres. Enquanto o Fed continuar a aumentar a oferta de dólares no mundo, o dólar perderá valor. Aliás, a perspectiva para o euro, iene, franco suÃço e libra esterlina são parecidas.
A inflação deve continuar pressionada, exigindo altas adicionais da taxa de juros, mas como a inadimplência parou de subir e até parece estar caindo e o BNDES deve continuar a ser capitalizado pelo governo, uma expansão da disponibilidade de crédito para o setor de caminhões e ônibus deve permitir que ele cresça mais do que o PIB em 2014, possivelmente a taxas de dois dÃgitos.
Outro fator a impulsionar o setor deve ser um crescimento mais acelerado no interior do paÃs em função de boas perspectivas para o agronegócio. Sem uma expansão da malha ferroviária e hidroviária a curto prazo, a única possibilidade logÃstica para o interior do paÃs é a rodoviária.
Setores de serviços, comércio e imobiliário também devem crescer mais rápido do que o PIB. Por outro lado, pelo 11º ano consecutivo, a produção da indústria deve expandir-se menos do que as vendas no varejo. Enquanto não reduzirmos a carga tributária e os entraves a negócios, melhorarmos a infraestrutura e qualificarmos a mão de obra, isto não deve mudar.
Que venha 2014.
Apresentador do Manhattan Connection da Globonews, colunista da revista IstoÉ, presidente da Ricam Consultoria, único brasileiro na lista dos melhores e mais importantes palestrantes mundiais do Speakers Corner e economista mais influente do Brasil segundo o site Klout.com.