Ricam Money Week

Money Week: perspectivas para o Brasil em 2023, com Ricardo Amorim

11/2022

Por: EQI Investimentos/Victor Meire

A sétima edição da Money Week está chegando ao fim e, nesta sexta-feira (11), os espectadores puderam aprender com Ricardo Amorim, o economista mais influente do Brasil. Ele apresentou quais são as suas perspectivas para o Brasil em 2023.

Logo no início da sua apresentação, Amorim brincou que o dia prometia ser particularmente interessante – isso porque o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva discursou, na quinta (10), no Centro Cultural do Banco do Brasil (sede provisória do governo de transição), causando fortes emoções no mercado financeiro, receoso quanto à austeridade fiscal do novo governo.

Inclusive, Amorim destaca que “dias com emoção” não tem faltado ao Brasil.

Apesar da situação brasileira ainda sofrer com a polarização política, o economista revela que está mais preocupado com o mundo e menos com o Brasil. A frase provocou uma espécie de surpresa na plateia, mas Amorim pediu paciência para o público para sustentar a sua tese. 

Perspectivas para o Brasil em 2023: crise no processo de globalização

Antes de iniciar a explicação da sua tese, Ricardo Amorim destaca que a volatilidade do mercado é um período para encontrar oportunidades. Com um mercado “bombando” e pleno emprego, encontrar oportunidades de entrada é muito mais difícil e as chances de perder dinheiro são maiores.

Dito isso, Amorim aponta que a invasão da Rússia contra a Ucrânia reverteu o processo de globalização do mundo nos últimos 33 anos.

“A queda do muro de Berlim [em 1989] ampliou o processo de globalização. Este fenômeno promoveu a ampliação de produtos melhores para uma quantidade maior de pessoas no mundo, com preços mais acessíveis. Com isso, houve uma queda generalizada da inflação”, afirma. 

No início dos anos 1990, cita o economista, houve uma onda de juros baixíssimos e até mesmo negativos – que, na sua avaliação, são uma aberração das economias desenvolvidas.

Esse ambiente permitiu a alavancagem e o crescimento muito rápido de empresas, principalmente no setor de tecnologia, graças ao crédito barato. 

“O crescimento muito rápido das empresas permitiu que elas adotassem táticas agressivas no mercado. Ao mesmo tempo que havia produtos de qualidade no pós Guerra Fria, as companhias vendiam a preços mais baixos para conquistar a preferência do consumidor e ter ganhos mais rápidos. Tudo isso contribuiu para um processo deflacionista no mundo durante um bom tempo”, disse. 

Perspectivas para o Brasil em 2023: país à frente do mundo

Na avaliação de Amorim, o processo de inflação baixa no mundo desenvolvido seguiu, com algumas emoções durante o período, até a pandemia global de Covid-19. Ele explica que as medidas de distanciamento social fizeram com que os governos adotassem políticas públicas de proteção social, como o pagamento de auxílios. 

Este fenômeno gerou uma circulação enorme de dinheiro que, associada a uma demanda reprimida da população, fez com que a bolha da inflação baixa e do crescimento alavancado estourasse.

Além disso, a invasão russa e as medidas de lockdown na China marcaram um processo de reversão da globalização no mundo.

Com isso, a inflação voltou com força no mundo e, na avaliação de Amorim, ela não deve diminuir tão cedo. 

“A inflação está sistematicamente mais alta do que o mercado esperava. Esta é a maior alta inflacionária do mundo desde a década de 1980. Pressões inflacionárias vindas de todo o lado, com lockdown da China e os problemas nas cadeias de produção, falta de energia na Europa, problema na oferta de emprego nos Estados Unidos e taxas de juros anteriores altamente negativas”, explica Amorim.

Foto de Ricardo Amorim na Money Week

Em relação ao combate da inflação no Brasil, o economista entende que o nosso país é um dos mais avançados do mundo. Ele mostra um dado que aponta que o Brasil é o quarto país com a menor inflação do G20, à frente de países como Alemanha, Reino Unido e até mesmo os Estados Unidos. 

Outro fator que contribui para o bom resultado do Brasil é a valorização do real frente ao dólar. Amorim diz que a moeda brasileira é a segunda que mais valorizou em comparação com a americana, atrás apenas do rublo (moeda da Rússia) – mesmo com o embargo para a maioria dos produtos, os russos ainda vendem bastante gás e petróleo. 

Ricardo explica que a valorização das moedas de mercados emergentes é reflexo da maior demanda de commodities, “setor em que o Brasil se dá bem”. 

Amorim salientou ainda que o Brasil tem uma posição privilegiada no cenário geopolítico entre os emergentes. Na avaliação dele, cinco países estão no mesmo patamar que o Brasil: China, Rússia, Índia e Indonésia. Ainda que existam mais de 100 países nesta categoria, somente eles têm o mesmo potencial que o Brasil.

“A Rússia envolvida em guerra, a China com os lockdowns. Índia e Indonésia com problemas interno. O Brasil, com uma inflação baixa, juros reais altos, salários médios baratos, mas com tendência de crescimento, é o país mais interessante para investir em 2023 entre os emergentes”, cita Amorim. 

“Há chances de o Brasil ter um desempenho muito melhor do que o previsto, mas é possível ter chacoalhadas durante o meio do caminho. Mas é preciso fazer movimentos não na euforia, mas durante o período de oportunidade”, complementa.

palestra Ricardo Amorim

Fuja das tendências e busque oportunidades

Por fim, o economista volta ao ponto de que crises e volatilidade podem se tornar oportunidades de entrada nos investimentos. Para explicar isso, ele trouxe um slide apresentando manchetes de revistas durante épocas de crise e prosperidade. Curiosamente, logo após os momentos de euforia, aparecia alguma grande crise. Movimento semelhante quando as manchetes eram super pessimistas, a economia cresceu posteriormente. 

“Prepara o coração. As emoções serão fortes, olho vivo nas manchetes e faça o contrário para encontrar oportunidades”, brinca.

Veja a palestra completa de Ricardo Amorim analisando as perspectivas para o Brasil em 2023.

 

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