08/2014
1. Qual é o atual cenário do setor químico nacional?
Infelizmente, assim como o resto da economia brasileira, o desempenho do setor químico piorou bastante recentemente. No primeiro semestre, tivemos uma queda de 7% na produção do setor, além de uma queda de 4,4% das vendas internas e redução das exportações e crescimento das importações. Isto reflete o esgotamento do modelo de crescimento calcado exclusivamente em estímulos ao consumo no país. Para que o setor químico e os demais setores da economia brasileira e particularmente a indústria voltem a crescer de forma vigorosa, chegou o momento de estimular produção, enfrentando os gargalos que limitam nosso crescimento, como legislação trabalhista arcaica, carga tributária excessiva, baixos investimentos em infraestrutura e ambiente de negócios difícil. Em função da concorrência externa a que é exposta, a indústria é o setor que mais sofre com os problemas estruturais brasileiros. É exatamente para permitir que a indústria volte a crescer de forma sustentada que precisamos melhorar e reformar toda a estrutura da economia brasileira. Eu acredito que, passadas as eleições, veremos mudanças significativas em nossa política econômica.
2. Qual a perspectiva para a balança comercial este ano?
Provavelmente, a balança comercial brasileira terá um pequeno déficit neste ano. Já a balança do setor químico deve ter um déficit mais pronunciado. Infelizmente, a balança comercial da indústria como um todo vem se deteriorando consistentemente desde que o Ministro Guido Mantega tomou posse há 8 anos. Naquele momento , tínhamos um superávit comercial de US$ 10 bilhões na indústria. Nos últimos 12 meses, tivemos um déficit de US$ 110 bilhões.
3. Qual a perspectiva real de investimentos hoje?
Em função das incertezas geradas pelas eleições e da piora do desempenho econômico recente, os investimentos se retraíram. Acredito que se, passadas as eleições, o governo for capaz de tomar medidas que retomem a confiança de empresários e consumidores, eles devem voltar a crescer, mas o desafio para isso não é pequeno.
4. Como o setor tem procurado lidar com os fatores de risco que envolvem a indústria química?
Recentemente, o que se viu no setor químico, onde os investimentos têm retorno a longo prazo, foi uma retração dos maiores investimentos, que alguns anos antes eram bem mais fartos. É um movimento normal para o momento que a economia brasileira e particularmente o setor tem vivido.
5. Quais as perspectivas do setor para a região metropolitana de Campinas, onde a COIM está inserida?
As maiores cidades do interior tem consistentemente crescido mais do que as capitais dos estados em todo o país em função do bom desempenho do agronegócio brasileiro e seu impacto no crescimento destas cidades. No caso da região metropolitana de Campinas, há um fator adicional que explica um desempenho superior ao do resto do Estado que é a concentração de empresas de tecnologia, um setor que vem crescendo bem mais do que o resto da economia, na região.
Ricardo Amorim é apresentador do Manhattan Connection da Globonews, colunista da revista IstoÉ, presidente da Ricam Consultoria, único brasileiro na lista dos melhores e mais importantes palestrantes mundiais do Speakers Corner e economista mais influente do Brasil segundo o Klout.com.Perfil no Twitter: @ricamconsult.