Crise na Europa: duas saídas possíveis.

Revista IstoÉ
14/10/2011
Por Flavio Costa

 
 
Nesta entrevista, Ricardo Amorim dá dicas sobre a crise na Europa para os alunos que prestarão o exame do ENEM este ano.
 
 
1) Quais informações um aluno que vai prestar o Enem deve possuir a respeito da atual crise econômica na Europa?
 
Basicamente, todo aluno deveria conhecer as causas e consequências da crise econômica europeia. No lado das causas, a crise está ocorrendo porque várias economias europeias atingiram níveis muito elevados de dívida e déficit públicos por devido a terem economias pouco competitivas e governos que gastaram demais ao longo da última década. Isto fez com que Grécia, Portugal, Irlanda, Bélgica, Espanha e Itália tenham dificuldades de honrar suas dívidas.
É provável que alguns destes países acabem dando calote em suas dívidas, o que deve colocar alguns bancos destes países em dificuldade, forçando-os a reduzir a oferta de empréstimos, o que causaria uma nova crise global à medida que com menos crédito, todos teriam de reduzir o consumo. Fazendo um paralelo, seria como se alguns de seus colegas comprassem fiado um monte doces na cantina da escola e, depois, não pagassem.
O resultado, a cantina decide não vender mais fiado para ninguém e você e seus outros colegas que não fizeram errado acabam prejudicados também.
 
2) O senhor acredita que um agravamento desta crise econômica pode levar à dissolução das bases políticas e econômicas, ou pelo menos a uma profunda reformulação, da União Europeia?
 
É muito provável que a União Europeia saia reformulada desta crise, mas ninguém sabe exatamente como. Há dois caminhos opostos possíveis. O primeiro envolve mais integração entre os países europeus para resolver a crise e evitar crise parecidas no futuro. O segundo caminho é exatamente o contrário. Neste caso, alguns ou vários países deixam a Zona do Euro e, talvez, até a União Europeia.
Se quiser entender isso melhor, leia meu artigo Interdependência ou Morte, publicado na IstoÉ de 15/09/2011.
 
3) Qual a sua avaliação da posição do Brasil em relação a este quadro de crise econômica da Europa?
 
Se a crise econômica europeia piorar, o que parece bastante provável, todo o mundo será afetado negativamente, inclusive o Brasil. Por outro lado, da mesma forma que quando aconteceu a crise financeira global no final de 2008, é provável que a crise no Brasil seja menos profunda e menos longa do que nos países desenvolvidos, que hoje estão em condições muito mais frágeis do que o Brasil.
Em resumo, a economia no Brasil deve piorar nos próximos trimestres, mas bem menos do que na Europa, nos Estados Unidos e no Japão.

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