Crise europeia vai piorar em 2011 e Bovespa pode cair 30%, prevê Ricardo Amorim
Economista acredita que faltará dinheiro para socorrer a Espanha
A Bovespa vai passar por grandes nervosismos em 2011 basicamente por dois motivos. O primeiro envolve a desaceleração na China e a conseqüente queda na demanda por commodities. O segundo – e mais significativo – é a intensificação da crise europeia, com reflexos no mundo inteiro.
A previsão é do economista Ricardo Amorim, presidente da Ricam Consultoria Empresarial, que participou do programa “Momento da Economia” desta quarta-feira (15), na Rádio EXAME.
“Eu diria que, no mínimo, nesse momento (de piora da crise europeia), a gente vai ver a Bovespa caindo 20%, talvez 30%, talvez mais. Vai depender do quão forte será o processo de contágio global.”
Ricardo Amorim acredita que não há recursos suficientes para socorrer países maiores e mais importantes do que a Irlanda e a Grécia. “Há dinheiro para Portugal, mas o passo seguinte é a Espanha, onde o buraco é grande demais, superando os recursos que o FMI e o fundo europeu possuem. Sem falar na necessidade de dinheiro para Itália e Bélgica.”
O economista explica que o aprofundamento da crise vai secar o crédito. “Como é provável que a gente tenha reestruturação de dívida soberana na Europa, quando isso acontecer, os bancos ingleses e alemães, que são os maiores credores, vão sentir. Com isso, as economias européias que hoje estão numa situação melhor deixarão de estar e é muito provável que o crédito seque temporariamente no mundo, como aconteceu no último trimestre de 2008. Isso vai fazer com que a crise europeia viaje (pelo mundo), coisa que até agora não aconteceu.”
Embora preveja um tombo da Bovespa, Ricardo Amorim vê ótimas possibilidades no horizonte. “Resumindo, eu estou extremamente otimista a médio e longo prazo, ou seja, eu acho que esse ajuste que vem por aí será uma tremenda oportunidade de compra (de ações). Nesse momento, eu prefiro esperar porque eu acho que a gente ainda vai ter oportunidades de compras a preços mais atraentes do que os de hoje.”
Na entrevista, (ouça abaixo), o economista comenta o potencial de crescimento do Brasil, os desafios do governo Dilma e as perspectivas para a China.