Em entrevista para Agência Lusa, de Portugal, economista Ricardo Amorim alerta que setor sucro-energético brasileiro pode se beneficiar da visita de Obama.

Lusa – Agência de Noticias de Portugal

17 de Março de 2011

 

Membro do painel do Manhattan Connection destaca possível acordo no etanol

17 de Março de 2011, 14:26
Rio de Janeiro, 17 mar (Lusa) — A possibilidade de acordos na área da energia, em particular no etanol, é destacada pelo economista Ricardo Amorim, membro do painel do programa da Globo Manhattan Connection, em vésperas da visita de Barack Obama ao Brasil.

Para Ricardo Amorim, a visita do Presidente norte-americano, no próximo fim-de-semana, dificilmente chegará a um acordo amplo de livre-comércio, mas poderá avançar em áreas específicas, como o etanol.
“Apesar da resistência interna dos EUA [em relação ao etano brasileiro], do ponto de vista económico, vale a pena”, afirma o economista, ao explicar que o álcool de cana-de-açúcar produzido pelo Brasil é mais produtivo do que o de milho, feito nos EUA.
Amorim destaca ainda que o etanol de cana-de-açúcar é menos poluente, o que poderia contar pontos na agenda do Partido Democrata e de Obama, que deu prioridade na sua campanha presidencial ao ambiente.
Outro ponto que poderia estimular um acordo na área do etanol diz respeito ao facto de que os principais fornecedores de petróleo do mundo são países com os quais os EUA têm problemas.
Cria-se assim um contrassenso uma vez que a demanda norte-americana por petróleo serve, no fundo, para financiar esses países, como é o caso do Irão e da Venezuela, por exemplo.
“Então faz sentido a política de aderir ao etanol e comprar esse combustível do Brasil, é um ponto realista”, observa o economista.
No entanto, “Obama não está em condições de aprovar um acordo de livre-comércio no momento, porque dependeria da aprovação do Congresso, que atualmente possui maioria de republicanos”, afirma o economista.
Na agenda a ser tratada pelos dois países, figuram outros temas como a redução da barreira sanitária a frutas e carnes, a estabilização do Haiti, e um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, posto ambicionado pelo Brasil há anos.
Previsões iniciais sugeriam que Obama poderia anunciar seu apoio à pretensão brasileira, como fez no ano passado durante sua ida à Índia.
“Eu particularmente não vejo chance nenhuma de isso acontecer”, deixou claro o economista.
O Presidente norte-americano estará no Brasil nos dias 19 e 20 de março e visitará também Chile e Salvador. Durante o Governo Lula, o então Presidente norte-americano George W. Bush visitou duas vezes o Brasil, também sem passar pela vizinha Argentina.
“É natural que o Brasil tenha uma importância maior do que a Argentina, simplesmente porque a economia brasileira é muito maior e mais representativa”, opina Amorim, para quem a liderança do Brasil na região “não tem discussão”.
Quanto ao “prestígio” que se tem dito que o Brasil do governo Lula conseguiu angariar nos últimos anos, para Amorim, a visita oficial marca mais o reconhecimento de que o Brasil possui do que alguma política governamental específica.
“Acho que ele (Lula) mirou em uma coisa e acertou em outra muito maior, porque virou o líder de países em ascensão em um momento em que os próprios países emergentes estão ganhando maior peso”, constata.
O programa Manhattan Connection,  exibido na Globo News, reúne uma equipa de apresentadores – Lucas Mendes, Caio Blinder e Pedro Andrade, que estão ancorados em Nova Iorque; Diogo Mainardi, em Veneza; e Ricardo Amorim, em São Paulo — que juntos discutem economia, política e entretenimento, sempre atentos aos temas da atualidade.
FYRO
Lusa/fim

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