Entrevista de Ricardo Amorim sobre turismo, economia, Copa, eleições e oportunidades no Brasil

07/2014
Revista Hotelnews

 
1) Em sua palestra no Conotel, dois meses antes do início da Copa do Mundo, o senhor disse que a oportunidade dada ao Brasil de sediar o megaevento foi subaproveitada. A mídia e a população, em geral, oscilaram entre ondas de otimismo e pessimismo, alternadamente. Neste momento, qual é sua avaliação sobre o tema?
Infelizmente, o Brasil teve todos os ônus geralmente associados a sediar uma Copa, mas não todos os bônus. Por falta de planejamento, os investimentos em infraestrutura ficaram muito aquém do que se esperava.  Além disso, os impactos positivos em turismo e comércio exterior durante e depois da Copa devem ser menores do que costumam ser em países que sediam Copas em função de preocupações com segurança. Normalmente, o número de turistas estrangeiros que um país recebe antes do anúncio de que será sede da Copa e um ano depois da Copa dobra e isto não deve ocorrer no Brasil. Por outro lado, em relação às expectativas mais catastróficas que se formaram pouco antes da Copa quanto a problemas de organização, a Copa foi inegavelmente mais bem sucedida. Além disso, como já se esperava, a simpatia do povo brasileiro foi mais importante do que os problemas de organização para muitos visitantes estrangeiros.
 
2) Onde acha que o Brasil falha na gestão do seu turismo?
Nas mesmas coisas que falha no resto da economia, primordialmente, falta de planejamento e dificuldade de implementação do que foi planejado em função de regulamentação e outras condições adversas.
Por exemplo, as imagens do Cristo Redentor abraçando o sol na final da Copa foram vistas e admiradas por bilhões de pessoas em todo o mundo, criando em muitos o desejo de conhecer o Brasil. Neste exato momento, deveríamos estar aproveitando isto e fazendo uma forte campanha de marketing institucional do país no exterior para maximizar o retorno dos investimentos na Copa.
 
3) Passada a Copa do Mundo, o foco se voltará para as eleições. Que impacto acredita que este ano atípico (petistas presos, Copa, manifestações etc) terão sobre o comportamento do brasileiro nas urnas e, consequentemente, sobre a economia brasileira?
A Copa do Mundo mudou a composição do crescimento do país, beneficiando alguns setores, incluindo boa parte do setor de turismo, mas com impactos negativos em outros setores em função de dificuldades de produção por conta dos feriados, como no caso da indústria em geral, ou postergação de compras, como no caso da indústria automotiva.
Além disso, a euforia que ela causou incialmente foi capaz de reverter um processo generalizado de queda de confiança de consumidores e empresários. Infelizmente, da forma que o Brasil foi eliminado, eu temo que este processo de retomada da confiança, que seria fundamental para sustentar uma retomada mais vigorosa do consumo e investimentos será abortado. Se isto realmente ocorrer e a economia continuar frágil até as eleições, talvez, influa em seu resultado, potencialmente levando a uma mudança de governo e mudanças também na política econômica, mas é muito cedo para saber se a fragilidade econômica será aguda o suficiente para reverter a liderança que a Presidenta Dilma tem hoje nas pesquisas eleitorais.
 
Ricardo Amorim é apresentador do Manhattan Connection da Globonews, colunista da revista IstoÉ, presidente da Ricam Consultoria, único brasileiro na lista dos melhores e mais importantes palestrantes mundiais do Speakers Corner e economista mais influente do Brasil segundo o Klout.com.Perfil no Twitter: @ricamconsult.
 
 

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