Entrevista e perfil do economista e palestrante Ricardo Amorim para a revista Experience Club.

Revista Experience Club
11/2011
Por Ronaldo Bressane e Rose de Almeida

 
O ECONOMISTA POP STAR.

 
 
Após oito anos em Nova York, Ricardo Amorim voltou a São Paulo no dia em que a crise internacional derrubou os países ricos. Três anos depois, ele surfa na boa maré brasileira e consolida-se como o profeta do pós-apocalipse no Brasil.
Passa certa tranquilidade um economista que confessa ser um viciado em números desde a infância – mas que, ao mesmo tempo, mostra atenção para o detalhe e, além disso, está mais de olho no processo do que em fatos isolados. Este é o motivo do sucesso de Amorim como um dos apresentadores do Manhattan Connection, onde bate ponto desde 2001: ele parece dar um sentido nada esotérico às flutuações quase ficcionais da economia globalizada. Há duas décadas atuando no mercado financeiro, este paulistano de 40 anos teve camarote privilegiado – em Wall Street, montava estratégias para o francês BNP Paribas, o inglês IdeaGlobal e o alemão WestLB atuarem nos mercados emergentes.
Em 2008, Amorim sentiu que a água subia nos mercados europeu e norte-americano e resolveu pedir pra sair. “Foi coincidência, mas fiz as malas em Nova York no dia em que o Lehman Brothers quebrou, alavancando a crise mundial”, conta.
Havia três variáveis atraindo Amorim a São Paulo. Uma, a sua previsão de que a situação brasileira encararia o tsunami financeiro como “uma marolinha”, no dizer de Lula. Outra, o convite para ser o CEO de uma empresa de tendências econômicas dentro do então grupo Sadia. A terceira e doce razão atende pelo nome de Fernanda Brandão: a esposa sonhava em ter um filho, e no Brasil o casal teria a família para ajudar a estruturar o novo ninho. O apocalipse de Amorim se concretizou, o emprego na Sadia foi trocado pela abertura de sua consultoria, a Ricam, e o terceiro motivo se tornou o infante Felipe, de um ano. Três anos depois de devolver o green card, Amorim tem cerca de 15 clientes em sua consultoria, onde presta serviços customizados e faz até 20 palestras por mês, no Brasil e no exterior. “Engraçado é que aqui me chamam de ‘Cavaleiro da Esperança’, e lá fora, de ‘Profeta do Apocalipse’”, ri o economista, que não revela o valor de cada papo.
Somente em duas ocasiões perdeu o job por ser “ultrapassado” por um concorrente: Lula. “Na primeira vez me senti honrado, mas, na segunda, me perguntei: é pessoal?”, brinca.
A gestão do ex-presidente é tema central de suas reflexões. Amorim pensou em escrever um livro brincando com o argumento do filme Adeus, Lênin. Nele, um sujeito entra em coma em 1989, eleição Lula X Collor, e desperta só em 2005. “Vê Lula no poder e diz: ‘Putz, o cara deu calote!’. Aí lhe dizem que o caloteiro foi o Collor. ‘Ai, o Lula vai dar calote e o País vai pro buraco!’, desespera-se o homem. ‘Não’, dizem. ‘Na verdade, estamos emprestando dinheiro ao FMI!’. O sujeito desiste: ‘Então o Lula virou de direita?’. Eu responderia: ‘Também não… mas seus métodos, sim, se endireitaram’”, ri o economista.
Amorim é cirúrgico, pragmático e apolítico quando se trata de elogiar ou gongar esta ou aquela administração. Entende que os principais méritos da gestão petista consistem na transferência de renda para as classes mais baixas, que transformou o País em uma próspera nação de classe média. “Mas grande parte do processo que fez com que o Brasil se tornasse um emergente poderoso se deu por conta das forças globais”, releva Amorim, que jura jamais ceder aos convites para entrar na vida pública. “Não tenho o menor tesão em entrar para a política”, diz.
Incisivo, ele não credita o atual sucesso brasileiro ao ministro Guido Mantega. “Muito foi plantado antes, pelo FHC e também pelo Palocci. Guido herdou boas estruturas, mas, quando mexe, cria riscos”, adverte. Amorim critica a elevação do IPI nos carros importados, entre outras medidas para impedir o fortalecimento do real, e vê a mão da Fazenda na recente queda dos juros implantada pelo Banco Central. “Foi corajoso, e tem uma chance razoável de dar certo se a crise na Europa piorar tanto que cause uma recessão global – e é bem possível isso acontecer! –, a inflação brasileira cairá. Pode ter sido um golaço do BC. Mas, se errou a aposta e não ocorrer uma recessão global, a inflação aqui aumentará ainda mais – e os juros voltarão ainda mais altos do que no patamar anterior”, prevê o economista, que projeta um crescimento de apenas 1% em 2012 seguido de fantásticos 7%, em 2013 e forte crescimento ainda em 2014.
Outras profecias de Amorim iluminam tendências. O País “voltará ao ciclo do café”, importando cérebros estrangeiros como nunca. “O número de gringos aqui triplicou nos últimos três anos. Temos salários e oportunidades melhores. E já vemos o processo de retorno dos talentos brasileiros, do esporte à moda. Mas, sim, teremos um apagão na mão de obra”, antevê. O economista assegura que a indústria manufatureira seguirá nas mãos de China e Índia – o que abre o caminho ao Brasil para varejo, serviços, commodities e agronegócios –, mas ressalva que a alta tecnologia seguirá dominada pelos países ricos. “Coisas como Google, iPod e Facebook continuarão com os EUA por muito tempo. A chance de inverter o processo e ser competitivos nessa área reside numa única palavra: educação”, afirma. Mesmo que o Brasil dê certo, apesar dos notórios problemas – corrupção, impostos altos, infraestrutura ruim –, esse ciclo de prosperidade que Amorim afirma ter duração de até trinta anos será jogado no lixo caso o País, para variar, se deite em “berço esplêndido”. “Se não resolvermos a educação agora, teremos, lá na frente, outra geração perdida – como a que começou em 1979 e foi até 2003.”
Entre uma previsão e outra, Amorim não para. Sentindo saudades dos novaiorquinos Nobu, Central Park e Café Lalo, ele janta no D.O.M, vai ao Ibirapuera andar de patins com o filho ou se esconde numa sala de cinema – de preferência para ver um filme argentino: é fã do diretor Daniel Burman e do ator Ricardo Darín. As palestras roubam o espaço das piscinas em que nadou outrora – foi parceiro de raia de Gustavo Borges – e seu querido Palmeiras tem sido preterido por leituras como a autobiografia de Andre Agassi, “espetacular”. Os onipresentes iPhone e BlackBerry só se apagam no avião, quando consegue se desconectar, enfiar-se em relatórios financeiros, em uma das cinco línguas que domina, e escrever análises econômicas.
Sempre sorrindo, do alto de 1,82m, o magro, grisalho e falante Ricardo Amorim não esconde que voltar ao Brasil foi tiro certeiro. Se, para a maioria de nós, economia parece .35 uma ficção aparentada de horóscopos e loterias, para ele, é tão líquido quanto afirmar que “loteria não passa de um imposto que você cobra de quem não sabe fazer conta – e eu nunca apostei. Já sorte é criar condições para as coisas acontecerem, e quando acontecerem, saber aproveitá-las. Certo?” Tão certo como, ao se despedir, olhar para o céu claro e comentar, distraído: “Amanhã vai chover”. E não é que choveu mesmo?
Tem duas coisas estranhas acontecendo: o Brasil dando certo e eles dando errado. É o mundo de ponta-cabeça?
Não conseguimos acreditar que a gente possa dar certo porque nosso histórico é de dar errado. E tem razão, porque, de 1979 a 2003, a gente fez tudo errado. Jogamos fora uma geração. É nossa geração, aliás. A média de crescimento do Brasil, de 4,9% ao ano de 2003 pra cá, é o dobro do crescimento dos 25 anos anteriores. Estourou a demanda por matéria-prima. A gente vende mais caro, eles compram mais caro. Depois, a gente começou a comprar mais barato coisas como computadores. Uma TV de tela plana caiu 20 vezes. Você foi produzir em lugares em que a mão de obra era barata, China, Índia. Petróleo hoje custa 15 vezes mais do que custava há 10 anos. Hoje, com 200 vezes menos soja e 300 vezes menos petróleo, a gente compra a mesma TV ou o mesmo computador. Com 100 vezes menos minério de ferro, compramos um celular. Estamos transferindo a grana deles para gente, tão simples quanto isso. A inflação mundial caiu, e foi acompanhada pela queda na taxa de juros. País rico passou a exportar dinheiro barato. A gente atrai capital. Por conta disso tudo, passamos também a atrair talentos. O número de gringos trabalhando no Brasil triplicou nos últimos três anos. Salários mais altos, oportunidades melhores. Jogadores de futebol já jogam aqui. Doze jogadores de vôlei da seleção jogam aqui. Acabamos de ter um brasileiro campeão mundial de boxe. Temos campeãs mundiais de remo, atletismo. No último Mundial vários nadadores ganharam medalhas de ouro; equipe de judô ganhou no Mundial do Japão; as modelos brasileiras estão de volta. Aquele movimento de eles atraírem talentos está mudando. Eu sou um exemplo. No dia em que o Lehman Brothers quebrou e alavancou a quebradeira mundial, eu fiz as malas.
Como foi isso?
Claro que foi coincidência. Não tinha a menor ideia de que o Lehman ia quebrar. A princípio, fico aqui ad eternum. Devolvi meu green card. Devolvi porque o processo todo é custoso para mantê-lo, e eu sabia que não ia voltar. Isso não quer dizer que é pra sempre. Acho que esse ciclo positivo vai ter duas, três décadas. Chinês sai do campo para a cidade e precisa construir. Aí vai pedir o minério de ferro da Vale, do concreto, etc. Quando ele começar a comer mais, vai precisar de mais comida, e o Brasil tem as melhores condições do mundo para ser esse celeiro. O Brasil vai dar certo, apesar do Brasil. Quero dizer que, sem resolver nada – educação, infraestrutura, impostos –, o nosso crescimento já dobrou. Tem uma questão demográfica também. Caiu a taxa de natalidade, mas ainda não temos muitos idosos. Temos menos crianças para sustentar e ainda poucos idosos. Na Europa é o contrário: há muitos aposentados e poucos empregos. Tem um setor que sai perdendo no Brasil: a indústria. Como o trabalhador chinês é mais barato, você não consegue competir – é onde cai o calçado. Você tinha uma produção para exportar para os países ricos, mas esses caras não estão importando, e a moeda do Brasil ficou mais forte. Perdemos a competitividade. Agora, de agronegócios, commodities, serviços e varejo, vamos muito bem. A única coisa em que os países ricos não perderam a liderança é em capital humano. É na alta tecnologia que eles ainda dominam. Por isso eu digo: se não resolvemos a educação agora – e só com educação você pode criar Google, iPod, Facebook etc. –, vai vir uma geração perdida lá na frente. Esse risco é grande.
Você parece ter uma visão histórica para analisar a economia contemporânea.
Tento uma visão de processo para não ter uma visão míope da história. Tudo tem a ver com duas coisas: preço de matérias primas e custo de trabalho. No pós-guerra, tivemos, em 1947, a revolução comunista na China e a independência na Índia. Dois mercados gigantes que se fecharam e pararam de comprar matéria-prima. Tiraram da oferta global 2,5 bilhões de pessoas trabalhando. Salários subiram no mercado. Com a entrada no mercado em 2011, Índia e China reverteram temporariamente esse processo. Esse ciclo tem mais uma década na China. Já a Índia é a China com 15 anos de atraso.
Como você vê o acirramento da crise nos países ricos?
Recessão na Europa e nos EUA já está dada. Se as pessoas acham que a situação está ruim, elas não gastam. Se elas não gastam as empresas não produzem e, se não produzem, não contratam. É um círculo vicioso. A esse ponto já se chegou, não dá para reverter mais. Não sabemos é se vai ter crise financeira. Em setembro de 2008, tínhamos uma crise imobiliária nos EUA, até a quebra do Lehman Brothers e tem início uma crise financeira global. Agora temos uma crise soberana na Europa. Se os países derem o calote em bancos europeus e estes pararem de dar crédito ao resto do mundo, vem uma crise global. A Alemanha é o único país que pode, até certo ponto, contrabalançar a crise europeia. Mas, é até certo ponto. Não sei até que ponto a Alemanha pode salvar a Europa ou ser levada de roldão pelo continente. Um dos caminhos é eles deixarem o euro. Os bancos já se prepararam para a crise grega. Do ponto de vista dos gregos, a Alemanha ficou supercompetitiva e os gregos pioraram, e pensam que estão subsidiando a vida boa alemã.
Quais são as chances para o Brasil?
O País ganha um peso relativo, que não tinha. Fruto de um filme: a situação aqui está melhor e, lá, pior. Em quatro anos, um PIB inteiro brasileiro sumiu nos EUA. Estamos crescendo, eles estão estagnados. Teremos mais poder geopolítico, bem como os emergentes. Mas muitas coisas serão cobradas de nós. Por exemplo, a poluição. Na Europa, o consumo diminui e a sustentabilidade melhorou. Aqui está subindo o consumo e temos menos medidas de sustentabilidade. Eles dependem do nosso consumo para crescer. O quadro para os Estados Unidos promete ser feio. Eles só têm quatro opções: inflação, redução de gasto público, aumento de impostos ou calote. O dólar vai despencar nos próximos anos e os salários vão precisar cair. Recessão e desemprego serão inevitáveis por lá. Por isso, voltei ao Brasil.
Você parece ter uma visão histórica para analisar a economia contemporânea.
Tento uma visão de processo para não ter uma visão míope da história. Tudo tem a ver com duas coisas: preço de matérias primas e custo de trabalho. No pós-guerra, tivemos, em 1947, a revolução comunista na China e a independência na Índia. Dois mercados gigantes que se fecharam e pararam de comprar matéria-prima. Tiraram da oferta global 2,5 bilhões de pessoas trabalhando. Salários subiram no mercado. Com a entrada no mercado em 2011, Índia e China reverteram temporariamente esse processo. Esse ciclo tem mais uma década na China. Já a Índia é a China com 15 anos de atraso.
Como você vê o acirramento da crise nos países ricos?
Recessão na Europa e nos EUA já está dada. Se as pessoas acham que a situação está ruim, elas não gastam. Se elas não gastam as empresas não produzem e, se não produzem, não contratam. É um círculo vicioso. A esse ponto já se chegou, não dá para reverter mais. Não sabemos é se vai ter crise financeira. Em setembro de 2008, tínhamos uma crise imobiliária nos EUA, até a quebra do Lehman Brothers e tem início uma crise financeira global. Agora temos uma crise soberana na Europa. Se os países derem o calote em bancos europeus e estes pararem de dar crédito ao resto do mundo, vem uma crise global. A Alemanha é o único país que pode, até certo ponto, contrabalançar a crise europeia. Mas, é até certo ponto. Não sei até que ponto a Alemanha pode salvar a Europa ou ser levada de roldão pelo continente. Um dos caminhos é eles deixarem o euro. Os bancos já se prepararam para a crise grega. Do ponto de vista dos gregos, a Alemanha ficou supercompetitiva e os gregos pioraram, e pensam que estão subsidiando a vida boa alemã.
Quais são as chances para o Brasil?
O País ganha um peso relativo, que não tinha. Fruto de um filme: a situação aqui está melhor e, lá, pior. Em quatro anos, um PIB inteiro brasileiro sumiu nos EUA. Estamos crescendo, eles estão estagnados. Teremos mais poder geopolítico, bem como os emergentes. Mas muitas coisas serão cobradas de nós. Por exemplo, a poluição. Na Europa, o consumo diminui e a sustentabilidade melhorou. Aqui está subindo o consumo e temos menos medidas de sustentabilidade. Eles dependem do nosso consumo para crescer. O quadro para os Estados Unidos promete ser feio. Eles só têm quatro opções: inflação, redução de gasto público, aumento de impostos ou calote. O dólar vai despencar nos próximos anos e os salários vão precisar cair. Recessão e desemprego serão inevitáveis por lá. Por isso, voltei ao Brasil.
E quais são os riscos para o Brasil?
No auge da crise de 2008, você passa por uns seis meses ruins, mas volta a crescer, enquanto os ricos estagnam. Nosso longo prazo é favorável. O risco é a complacência: para que mexer em time que está ganhando? Não estamos ganhando; estamos com o copo meio cheio. Do começo do século até 1979, a média de crescimento foi de 7% – daí acharmos que somos o país do futuro. Mas de 1979 pra 2003, crescemos o terço dessa média. O Brasil é competitivo em espaço: ou pra plantar e colher ou pra colher o que Deus plantou no subsolo. Mas temos de ser competitivos é em gente. Os países desenvolvidos são. Mas não estamos fazendo a lição de casa. Pode acontecer uma ruptura do crescimento chinês, a partir de uma ruptura política, que é razoável, mas ainda não está em vias de acontecer, e isso vai mantê-los atrasados na educação. Já o Brasil mudou de cinco anos pra cá. Cerca de 45 milhões de brasileiros, classes D e E, passaram a classe média, e 16% foram elevadas à alta. A aspiração desse povo é educação e saúde. Quem não perceber isso no Governo, vai se dar mal – e aí é que eu vejo que o Fernando Henrique foi mal interpretado quando disse que o PSDB deveria se preocupar com as novas classes médias, pois a batalha pelas classes baixas já foi perdida para o PT. Na China, vai haver uma aspiração por democracia em breve, assim que a classe média ascender. Mas isso pode demorar. Um dos riscos para o Brasil é de a China se desacelerar bruscamente, antes de a Índia tomar o bastão chinês nesse processo de crescimento. Outro grande risco para o Brasil é um alto grau de populismo impedir o crescimento, tipo: importar um Hugo Chávez.
A economia parece a muitas pessoas como algo esotérico. Por quê?
A economia, assim como nossas vidas em geral, é movida por expectativas. Tomemos o pré-sal como exemplo. O pré-sal existe. O que não existe ainda é sua exploração comercial. Alguns acreditam que o potencial desta exploração seja fenomenal, outros que seja irrelevante. A média do humor daqueles que consideram que sabem o suficiente sobre o assunto para fazerem apostas é o que determina a expectativa de mercado e o preço de ativos influenciados pelo pré-sal. As oportunidades de ganhos em investimentos surgem exatamente porque, muitas vezes, estas suposições médias de mercado estão erradas e, se você tiver uma resposta diferente que se provar correta no futuro e fizer um investimento em algum ativo que represente uma aposta nesta sua expectativa – ações de uma empresa, por exemplo – pode ganhar um bom dinheiro. Na realidade, não é nada diferente de quando fazemos compra no supermercado. Se achamos que os preços são bons, compramos; senão não compramos. Se estivermos corretos, poupamos dinheiro, caso contrário, gastamos mais dinheiro do que precisaríamos. A economia nunca foi uma ficção para mim.
Como vai ser a cultura global nas próximas décadas?
Acho que vamos lidar com mais cultura de país emergente. Já existe uma admiração pela China, apesar de ainda ser um país miserável e com uma situação política terrível. A arte que mais vende na Sotheby’s é a chinesa – e não só por causa da qualidade dos artistas chineses, mas por conta da voracidade dos investidores e colecionadores daquele país.
Você teve algum treino para esta facilidade com comunicação?
Eu realmente gosto de falar. Vêm me pedir conselhos, e não tem jeito, eu acabo falando. Todo o sistema de educação no Brasil é compartimentado. Eu gosto de juntar as pontas. Pensar universalmente. As pessoas acabam se especializando. Eu acho que foi o Lula quem me pôs no Manhattan. O dólar tinha ido a R$4,00 e diziam que iria a R$8,00. E eu sempre fui muito direto: disse ao Lucas Mendes, âncora do Manhattan Connection, que era mais fácil ele voltar a R$ 2,00. À medida que o dólar foi voltando, ele me chamou para fazer parte do programa. Eu sempre falei de improviso. Considero a possibilidade de ter um programa de TV no futuro.
O que é sorte?
É as coisas acontecerem em um caminho que faça sentido pra você. Você tem que criar condições para as coisas acontecerem, e, se isto ocorrer, saber aproveitá-las.
Tem religião?
Não tenho religião, mas admiro a filosofia budista, até frequentei centros nos EUA, mas não curto a parte doutrinária. Adoro o Freakonomics e o Superfreakonomics – para o qual assinei o prefácio – que mostram que a economia não pode ser monodisciplinar.
Você é bem direto, né?
Prezo ser objetivo senão não consigo fazer tudo o que quero.

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