02/2016
O comentarista econômico Ricardo Amorim, que neste ano participa do 4º EGESCON, apresentou sua análise sobre a crise que levou o país à recessão desde 2014, resultado de problemas estruturais já no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
Em sua análise, “o Governo fez a mudança de política econômica na direção errada com a substituição do ministro da Fazenda, Joaquim Levi, pelo ministro Nelson Barbosa, foi a volta às politicas econômicas do primeiro mandato do Governo Dilma, que foram as que criaram os problemas vividos hoje. Com esta mudança, o Governo só gerou mais incertezas e agravou a crise de confiança. Como resultado, as agências de risco baixaram a nota do Brasil, afugentando os investidores internacionais e paralisando o que poderia ser o início de uma retomada aos investimentos represados das empresas brasileiras”. Confira as análises do economista a seguir:
A CRISE
O Governo não cortou os gastos como deveria. E temos a queda da arrecadação. O que nós precisamos fazer, pelo lado econômico, é cortar os gastos do Governo e combater a inflação, fazendo isso, teremos a recuperação da economia e a confiança dos mercados.
CARGA TRIBUTÁRIA
É bom lembrar que, além, dos 34% de carga tributária, o Governo teve um déficit de 9% do PIB. Em outras palavras, 43% de tudo que é produzido no país passa pelo governo. E o que a sociedade recebe em troca não é condizente com isso. Apenas considerando a carga tributária, o Brasil é o terceiro país entre as nações emergentes que mais cobram impostos e, claramente, não é terceiro melhor país em qualidade de serviços públicos.
O que o Brasil precisa é melhorar substancialmente a qualidade de serviços públicos com menos gastos. Isto é, o governo precisa gastar muito menos e melhor. Isso exige um choque de gestão. Exige uma redução brutal de gastos desnecessários, sem falar a sangria da corrupção, e, desta forma, podemos conseguir, com menores gastos, ter uma melhora na qualidade dos serviços aos contribuintes.
AJUSTE FISCAL
Enquanto o Governo não cortar seus gastos e, por consequência abrir espaço para fazer o ajuste fiscal e reduzir o peso dos impostos à sociedade, infelizmente a gente não sai deste buraco. Há quatro anos, o Governo lançou o programa Brasil Maior voltado a aumentar a competitividade da nossa indústria. Desde então, as indústrias encolheram 20% neste período. Um Brasil Maior requer um Governo menor. E este Governo não tem feito isso, ao contrário, tem ido à direção oposta. Isso explica a gravidade da crise brasileira, a mais profunda dos últimos 115 anos.
E O FUTURO
Quando a recuperação vier, ela vai surpreender, virá com total força. Em um histórico dos últimos 115 anos, em nenhum momento houve uma queda tão significativa do PIB como vai acontecer no triênio entre 2014/2016 ou entre 2015/2017. lsso significa que todas as vezes que tivemos queda do PIB por anos consecutivos, seguiu-se de uma recuperação muito forte. O que acontece: uma série de empresas com intenções de investimentos, que vem sendo represadas; uma vez que a confiança é retomada, há o início da retomada dos investimentos e a geração de empregos, com os salários em recuperação, e, havendo a queda da inflação e dos juros, teremos uma taxa de recuperação muito forte.