12/2014
São Paulo – Mesmo considerando que os preços dos imóveis estão muito altos, a maioria dos brasileiros não deve desistir de comprar a casa própria por esse motivo.
Essa é a constatação de uma pesquisa realizada pela Ricam Consultoria e o Instituto ILUMEO com 1.455 pessoas entre os dias 18 e 19 de novembro.
De acordo com o estudo, 70% dos entrevistados acham que os preços de imóveis estão muito altos, mas apenas 16% afirmam que devem desistir da compra por isso.
Apesar de não acharem os imóveis baratos, apenas 16% acreditam que não existem oportunidades de compras com bons preços atualmente.
“Fiquei surpreso com o resultado. Eu não esperava que um percentual tão grande de compradores julgasse que o preço não é um fator determinante na decisão de compra”, comenta Ricardo Amorim, economista e presidente da Ricam Consultoria.
Segundo ele, três fatores principais explicam o resultado da pesquisa. O primeiro seria o fato de que a maioria dos entrevistados fará a compra do imóvel pela primeira vez. “Para alguém que ainda não tem um imóvel e quer comprar, o preço não é a variável mais importante”, afirma.
O segundo fator diz respeito ao financiamento. A pesquisa mostrou que a maioria dos entrevistados (89%) pretende financiar o imóvel e, dentre esses, 61% planejam dar entrada de até 20% no valor do imóvel.
“Como a imensa maioria dos entrevistados quer financiar o imóvel, isso faz com que o preço não seja tão importante, desde que o financiamento caiba no bolso. Isso significa que a disponibilidade de crédito é um ponto fundamental”, diz o presidente da Ricam.
O terceiro fator que explicaria a intenção de compra a despeito dos preços altos seria a crença de que os preços podem subir ainda mais. “A maioria acha que os preços estão subindo e vão subir ainda mais. Então, por mais que eles achem que o imóvel está caro, como acreditam que no futuro ficará mais caro ainda, eles acham que faz sentido comprar”, diz Amorim.
O economista comenta ainda que, por trás da baixa influência do preço na decisão de compra está a importância que o brasileiro dá à aquisição da casa própria.
“Para o brasileiro, a casa própria é associada ao bem-estar e a um ganho de cidadania, além de representar segurança. Muitos pensam da seguinte forma: ‘Aconteça o que acontecer no futuro, pelo menos minha casa eu tenho’”, diz o presidente da Ricam.
Diferentemente de outros bens de consumo, que têm sua demanda reduzida quando o preço aumenta, o imóvel seria interpretado mais como uma forma de investimento, segundo Amorim.
Por essa razão, quando a tendência dos preços é de alta, mais compradores são atraídos para o mercado imobiliário e o inverso ocorre quando o setor está em baixa, tal como acontece no investimento em ações.
Ainda que comprar um ativo em alta não seja a decisão mais razoável do ponto de vista estratégico, o comportamento é frequentemente verificado entre investidores, conforme demonstram pesquisas sobre o tema.
O levantamento da Ricam e do Instituto ILUMEO mostrou ainda que, dentre os participantes que têm intenção de comprar um imóvel, 46% disseram que o farão em até dois anos e 64% preferem comprar uma unidade nova a uma unidade usada.
O tema bolha imobiliária também foi abordado na pesquisa. Os resultados mostraram que o fenômeno é pouco conhecido ainda: 74% dos brasileiros não sabem seu significado e 60% nunca ouviram falar nisso.