Revista Itaú-Unibanco
02/2012
Bate-Bola com Ricardo Amorim
De forma simples e direta, o economista fala sobre a relação do brasileiro com o seu dinheiro.
Com a economia estável, o brasileiro passou a gerenciar melhor seu dinheiro?
Esse é um processo gradual que apenas começou. As recentes transformações econômicas positivas devem continuar e a nossa habilidade de cuidar de nossas finanças pessoais também. Isso requer planejamento de longo prazo, impossível em uma economia instável.
Qual é a relação entre o mercado financeiro e a vida das pessoas?
Total. Alguém que negligencie suas aplicações financeiras por não se interessar pode, no final da vida, ser forçado a interromper sua aposentadoria.
Por ignorar o mercado financeiro, terá de voltar a trabalhar ou adiar a aposentadoria.
Deixar de pagar as contas no final do mês pode afetar a economia do país?
Pode. Se muitas pessoas deixarem de pagar suas contas no fim do mês, isso pode se transformar num problema nacional e até internacional.
Em 2009, muitos perderam o emprego no Brasil e no mundo porque os americanos não pagaram a prestação da casa própria.
O que acontece quando há abuso de crédito?
Crise. Tudo em excesso faz mal. Com crédito não é diferente. Quando nos endividamos demais, corremos o risco de pequenas surpresas desagradáveis
nos empurrarem para um abismo sem fim.
Por que as pessoas gastam mais do que têm?
Desejo. Vivemos em uma sociedade consumista. Somos bombardeados por novos desejos de consumo o tempo todo. Para muitos, não é fácil resistir. Por isso, acabam comprando mais do que podem.
Curtir a vida e economizar. É possível fazer essas coisas ao mesmo tempo?
Claro. A única estratégia possível em decisões financeiras sustentáveis exige esse equilíbrio entre a cigarra e a formiga que vivem em nós. Sacrifícios exagerados levam ao abandono do planejamento de longo prazo. Ignorar o futuro e não planejá-lo, por outro lado, levam a uma vida mais limitada na velhice.