Entrevista de Ricardo Amorim sobre oportunidades para pequenos empresários geradas pela Copa Do Mundo.

Revista Meu Próprio Negócio

11/2012

 
A realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil será importante para o pais? Por que?
Ricardo Amorim – Como tenho realçado em palestras e eventos em que tenho participado sobre o assunto, a Copa do Mundo traz enorme oportunidades para o Brasil e para cada um de nós brasileiros. Cabe a nós transformar estas oportunidades em realidade.
Vamos receber a Copa porque a economia melhorou e a economia vai melhorar porque vamos receber a Copa. É óbvio que a Copa sozinha não vai mudar o país, mas além e movimentar a economia e gerar negócios e empregos, a Copa trará novas tecnologias, ajudará nossas empresas a aprenderem a planejar a longo prazo e servirá de holofote para expor o Brasil ao mundo.
A Copa do Mundo deve elevar o PIB brasileiro em 1,5 ponto percentual ao longo de três anos. Os setores mais beneficiados, segundo o estudo, serão hotelaria, transporte, comunicações, cultura lazer e comércio varejista.
A estimativa oficial do governo é gastar um total de 36,46 bilhões de reais na infraestrutura para a Copa – com ênfase para os gastos com transporte (12,7 bilhões de reais). Além disso, em geral há um efeito de aumento de 30% nas exportações de países que sediaram a Copa no passado.
 
O que ela trará de importante para o país? Muito dinheiro será investido, mas depois isso reverterá em benefícios? Quais?
Ricardo Amorim – Em primeiro lugar, teremos uma melhorar substancial da infraestrutura de logística do país, coisa que necessitamos desesperadamente. Em termos de empregos, além dos muitos serviços temporários durante a Copa, 250.000 novos postos de trabalho permanentes devem ser gerados com o evento.
 
Os resultados na África do Sul não foram considerados muito bons. Aqui será melhor? Por que?
Ricardo Amorim – O Brasil leva duas grandes vantagens em relação à África do Sul.Em primeiro lugar, a popularidade do futebol por aqui. O maior problema da Copa da África do Sul foram os muitos estádios que após a Copa não tinham utilização. No caso brasileiro, a popularidade do futebol e a estratégia de montar arenas multiuso – que além o futebol podem receber shows, espetáculos e outros eventos – devem impedir que isto se repita.
Em segundo lugar, por ser um país de dimensões continentais, os problemas de infraestrutura de transportes no Brasil são mais significativos do que na África do Sul, o que, na prática, significa que o potencial de ganho para o país com investimentos em infraestrutura também é maior.
 
E para os pequenos empreendedores, será um momento de oportunidades? Por que?
Ricardo Amorim – Sim, mas estas oportunidades exigem proatividade, criatividade e conhecimento das regras do jogo. A Copa do Mundo é um evento privado, que tem um dono, a FIFA. Como tal, a FIFA impõe uma série de regras do que pode e o que não pode ser feito durante a Copa, buscando proteger seus interesses e de seus patrocinadores. Desconhecer estas regras pode gerar problemas, mas sabendo o que pode e o que não pode ser feito e sendo criativo, há oportunidades enormes para pequenos empreendedores nos mais diversos setores.
 
Serão apenas negócios de oportunidade que visam turistas? Ou os pequenos empreendedores poderão continuar lucrando com os investimentos mesmo após o término da Copa do Mundo? Como fazer para que isso aconteça, ou seja, que seu negócio continue dando lucro e apresentando resultados?
Ricardo Amorim – Turismo é apenas o setor mais óbvio a se beneficiar, mas há também oportunidades em construção civil, agronegócios, serviços, tecnologia de informação, vestuário e artesanato, apenas para ficar nos mais óbvios.
O ponto fundamental é ver o evento como uma oportunidade de dar um salto em seu negócio em termos de escala e qualidade, aprimorando processos, serviços, produtos e planejamento e aproveitando as conexões – inclusive com potenciais clientes estrangeiros – que o evento pode gerar.
 
Quais os principais erros e perigos? O que os pequenos empreendedores devem evitar?
Ricardo Amorim – Em primeiro lugar a euforia. A Copa do Mundo pode ajudar mas não é panaceia. Em segundo lugar as decisões precipitadas, Nós no Brasil não temos costume de planejar a médio e longo prazo porque o Brasil era muito instável e precisávamos nos preocupar com o amanhã, sem sobrar espaço para pensar nos próximos anos.
Esta é uma das coisas que a Copa pode ajudar a mudar: a mentalidade curto-prazista que limita o crescimento de muitos negócios.
Por fim, dado o atual momento da economia mundial e da economia brasileira, que no curto prazo, não são muito favoráveis, é prudente não assumir dívidas exageradas.
 
Ricardo Amorim é economista, consultor, apresentador do programa Manhattan Connection da Globonews, colunista da revista IstoÉ e presidente da Ricam Consultoria. Realiza palestras em todo mundo sobre perspectivas econômicas e oportunidades em diversos setores Único brasileiro na lista dos melhores e mais importantes palestrantes mundiais do site inglês Speakers Corner e economista mais influente do Brasil e um dos dez mais influentes do mundo segundo o site americano Klout.com.

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