Entrevista de Ricardo Amorim: tendência de queda do dólar veio para ficar.

Brasil Econômico

02/2013

Por Flávia Furlan

 
Para BC, dólar a R$ 2 evita alta de preços
Depois de recuar anteontem, moeda americana fechou ontem em alta de 0,20%, a R$ 1,989
 
O Banco Central (BC) interveio no mercado cambial mais uma vez ontem e deu sinais de que quer a moeda americana em um patamar ao redor de R$ 2,005 pelo menos nos próximos dois meses. O BC realizou um leilão de venda da moeda americana à vista no montante de até US$ 1,273 bilhão, com o comprometimento de recompra em 1º de abril.
 
Desta forma, conseguiu segurar uma alta mais acelerada da cotação do dólar, que chegou a subir 0,75% na sessão de ontem, para R$ 2, por volta das 13h15, depois de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter anunciado que ‘o câmbio não irá derreter’ para ajudar no combate à inflação no país. A cotação fechou com alta de 0,20%, a R$ 1,989, dentro da banda informal considerada estável pelo minsitro: entre R$ 1,98 e R$ 2,03, segundo o ministro.
 
“Na operação como a de ontem, o Banco Central sinaliza que quer que o dólar permaneça no futuro com o mesmo nível atual”, afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, que acredita que o dólar se mantenha em R$ 2 não apenas no curto prazo, mas até o final do ano. “Não vejo o dólar a R$ 1,80, pelo cenário externo, nem a R$ 2,15, porque a inflação já está muito alta e isso prejudicaria”, pondera.
 
Uma redução de R$ 0,10 no câmbio resulta em uma queda de 0,20 ponto percentual na taxa de inflação, segundo a economista da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro. Assim, a desvalorização do câmbio de uma média de R$ 2,06 no último trimestre de 2012 para a média de R$ 2 aguardada para este trimestre traz um alívio de 0,12 p.p. para a inflação no país.
 
“Como temos a projeção de 5,80% de inflação para o final do ano, ela cairia para 5,68”, diz a economista. No entanto, ela acredita que o patamar atual do câmbio não deva se sustentar no longo prazo e, para o final do ano, a casa aposta em R$ 2,20 para o dólar.
 
Já no curto prazo, Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, diz que o dólar deve se manter abaixo de R$ 2 e que, para isso, o Banco central tem como instrumentos os leilões de swap cambial (equivalentes a uma venda de divisas no mercado futuro) e a rolagem desses contratos. “Essas operações devem continuar até um câmbio suficiente para fazer uma contribuição de controle maior para a inflação”, destaca.
 
O economista Ricardo Amorim, por sua vez, acredita que nas próximas semanas o dólar não caia muito, devido à situação econômica adversa e pelo fato de o governo não querer uma apreciação muito rápida do real, o que teria efeito negativo para os exportadores. No entanto, chegará um momento em que ele escolherá entre a reclamação da indústria ou do eleitor. “A inflação vai surpreender ainda neste ano e ser mais alta do que a maioria está achando. Há chances de estourar o teto de 6,5%.” No longo prazo, sua expectativa é de que o dólar ‘despenque’, devido ao processo irreversível de impressão monetária realizado nos Estados Unidos nos últimos quatro anos, que fez a base monetária quadruplicar no período.
 

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