Matéria sobre palestra de Ricardo Amorim: Como a crise traz oportunidades para quem consegue reagir adequadamente a ela?

12/2016

Cães e Gatos

Por Cláudia Guimarães

 

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 Foto: Jhonatan Soares

 

O tema era crise e a apresentação, realizada por Ricardo Amorim, considerado um dos melhores palestrantes do Brasil, se iniciou da seguinte forma: “Nós brasileiros entendemos mais de crise do que a maioria. Gostaríamos que a vida fosse para cima e avante, mas, no mundo real, há pedras no meio do caminho. Precisamos entender que não há nada nem tão positivo, nem tão negativo que dure para sempre e é necessário estarmos preparados para as mudanças que acontecem”. O evento foi para médicos-veterinários convidados da Zoetis (São Paulo/SP) na ocasião de lançamento do produto Simparic.

 
Ele conta que o que surpreende as pessoas é que, com toda a crise que o Brasil, a Rússia, a China e outros países enfrentaram nos últimos 15 anos, a maior parte do crescimento de empresas globais veio de países emergentes. “Para ser mais específico, de cada quatro dólares, de negócios de cresceram em diferentes mercados, incluindo o mercado pet, três dólares vieram de países emergentes e isso inclui o Brasil”, explana. O profissional cita que a taxa de juros básica por aqui, definida pelo Banco Central, é de 14% ao ano. A média mundial da taxa equivalente é de 0,1% ao ano. “Isso significa que existem 11 trilhões de dólares investidos, hoje no Brasil. Muitas pessoas investem em juro negativo e essas pessoas, daqui um, dois ou 30 anos, em alguns casos, terão menos dinheiro do que investiram”, afirma. Como ele explica, é como se fosse um seguro para investir no País: “Porque por aqui há uma economia em queda livre, a inflação come solta, o real está cada vez mais fraco, comparado o período de 2011 a 2015. Mas, agora, a gente sabe que a economia está começando a se recuperar”, pontua.
 
Amorim lembra que entre 2004 e 2008, a taxa de juros do Brasil caiu de 15 para 7%. Nesta época, segundo ele, o país crescia, os pet shops estavam cada vez mais lotados e cada vez vendendo um produto com mais valor agregado. “É exatamente isso que vai acontecer novamente. Setores em particular que se ajoelharam para o Brasil nos últimos anos, são os que mais vão se beneficiar. É o caso dos pet shops, bem como dos ramos automotivo e imobiliário. Mas para que tudo isso dê certo, é preciso colocar as contas públicas em ordem”, defende.
 
O palestrante conta que, nos últimos 115 anos, todas as vezes em que o PIB esteve em queda, em um período de três anos, o Brasil passava por alguma transição política. “No fim dos anos 20, o país crescia uma média de 9% ao ano, aí vem o crash da bolsa de Nova York, a grande depressão, e o PIB despenca; em 1930 teve o início do Estado Novo, da era Vargas, que durou até o PIB despencar de novo: final da era Vargas, redemocratização. Quando acaba a democracia, o PIB despenca de novo: ditadura militar, que, quando acaba, faz o PIB despencar novamente. Depois, o impeachment do Collor e, agora, tivemos a maior queda nos últimos 115 anos com o impeachment da Dilma.”, cita.
 
Ele informa que o mínimo que a economia brasileira cresceu depois de uma grave crise econômica por, pelo menos, três anos foi 6% ao ano. “Vocês conhecem alguém que acredita que o PIB brasileiro, num futuro visível, pode crescer uma média de 6% ou mais por três anos ou mais? Alguém que acha que vai crescer 4% ao ano por três anos? Pois vai crescer muito mais do que as pessoas estão imaginando e isso significa que temos hoje nas mãos a maior oportunidade que existe. Tem algo positivo que vem aí e ninguém percebeu ainda, porque depois que todo mundo se dá conta, o bonde já passou”, declara. Como exemplo, Amorim lembra o caso das paletas mexicanas: “Um dia, um sujeito achou que, se trouxesse paletas mexicanas para o Brasil, iria vender bastante. Trouxe e vendeu. Aí trouxeram mais e até que o milésimo trouxe mais uma paleteria para o Brasil. Onde eu quero chegar com isso é muito simples: fazer o que muitos já fizeram achando que vai ganhar dinheiro é o que te faz perder. A hora de agir é antes dos outros. É, basicamente, agora”, destaca.
 
Até três anos atrás um assunto que foi falado muito no Brasil foi a nova classe média. Mas, Amorim frisa que ninguém mais tocou no assunto por uma razão muito simples: nos últimos três anos, surgiu a nova classe baixa, formada por aquele grupo de pessoas que estavam bem economicamente e caíram. “Esse movimento foi exclusivamente brasileiro”, diz. Já o movimento da nova classe média, que, em 12 anos, recebeu cerca de 50 milhões de brasileiros, que passaram a ter pets e a frequentar pet shops, representa um fenômeno global. “50 milhões de brasileiros é mais do que toda a população da Espanha. Porém, na China, foram 240 milhões de chineses entrando na classe média nesse mesmo período; na Índia, 120 milhões; na Indonésia, 70 milhões, na Rússia, 40 milhões. Temos mais 30 ou 35 milhões que devem entrar nos próximos dez anos e isso é um sinal para os médicos-veterinários estarem prontos, porque vai ter mais cães e gatos”, acredita.
 
Para se preparar para este futuro, o palestrante afirma que o segredo para progredir é criar um ecossistema onde a empresa cresce e também joga seus parceiros para cima e vice versa. “Uma pesquisa realizada por uma empresa da Califórnia revela qual a principal razão do sucesso das empresas mais bem sucedidas do mundo: o timing. Está na hora de pensar diferente e aproveitar. Para qualquer situação, a gente pode ter um olhar novo e criar coisas inéditas, inovar o modo de pensar”.
 
Como o assunto do encontro era crise, Amorim reconhece que ela é desagradável, mas diz que porque ninguém gosta é que funciona. “Seja em nossa vida pessoal, na empresa, ou no País, a crise nos tira da zona de conforto. No caso brasileiro, fez com que fossemos às ruas e começássemos a cobrar a classe política. No momento em que isso aconteceu, o Brasil começou a combater a corrupção”.
 
Iniciando e encerrando os trabalhos da noite falando sobre estes conflitos econômicos, Amorim lançou uma pergunta aos profissionais da Medicina Veterinária presentes: “O que é que existe no seu negócio, que, no fundo, você sabe que deveria fazer, mas está empurrando com a barriga há muito tempo?”. Ele recomendou os participantes a utilizarem a crise a seu próprio favor, para criar algo novo, melhorar o serviço e o atendimento, além de oferecer um produto melhor. “O resultado disso é sair mais forte, criar oportunidades e, quem sabe, no futuro, olhar para trás e falar ‘foi graças à crise que eu consegui fazer isso tudo’. É isso que eu desejo para vocês: nunca desperdicem uma boa crise”, finaliza.
 
 

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