Ricardo Amorim media painel sobre Custo Brasil e impactos no crescimento do varejo.

Brazilian Retail Week
08/2012
Por Marcelo Brandão

 
 
Realmente criar, desenvolver e impulsionar um negócio de varejo no Brasil não é tarefa para amadores. Carga tributária altíssima, burocracia fiscal, custos em todas as esferas de expansão, dificuldades com logística e distribuição, falta de mão de obra qualificada… mesmo diante de tantas dificuldades nosso varejo segue competitivo e alavancando negócios em nosso país.
 
Mas, a longo prazo, este cenário desafiador é promissor para o Brasil? Ou poderíamos enfrentar crises similares a que assistimos em outros países? Estas e outras perguntas permearam a plenária de abertura do BR WEEK 2012.
 
Com o tema “Estratégias para lidar com a crescente pressão sobre os custos: inflação, mão de obra, competitividade em um país com os níveis de preços mais altos do mundo” o encontro inicial do evento buscou algumas respostas para tamanha complexidade em um tema tão rico como é o varejo brasileiro.
 
Mediados pelo economista e apresentador Ricardo Amorim, a plenária contou com os seguintes debatedores: Ricardo Roldão, presidente do Atacadista Roldão, Manuel Corrêa, diretor geral do Saint-Gobain (Telha Norte), Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), Ricardo Loureiro, presidente do Serasa Experian e Chairman Experian América Latina, Fabio Soares de Miranda Carvalho, presidente do Casa & Video, Davi F. Franco da Rocha, vice-presidente do Investment Banking Varejo e Consumo – Itaú BBA, Roque Pellizzaro Junior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas – CNDL.
 
Para todos os debatedores convidados, uma questão foi unânime: o custo Brasil. A carga tributária brasileira, como foi citada logo no início pelo mediador Ricardo Amorim, é um “exportador de consumidores”. “Até a presidente Dilma foi flagrada esta semana fazendo compras em Londres”, comentou o economista.
 
Ricardo Roldão, presidente do Atacadista Roldão, destacou que o alto custo de energia elétrica, por exemplo, é apenas uma das dificuldades que o varejo brasileiro enfrenta hoje. “A desoneração e investimentos do governo em setores como o automobilístico e de calçados é outro reflexo deste cenário”, complementou. Cenário este, que o executivo avaliou como desunido. “Falta união dos varejistas. Temos que reivindicar por uma desoneração maior em vários aspectos. Nós empregamos mais de 5 milhões de pessoas”, afirmou.
 
“A questão tributária são desafios em economias do mundo todo. Mas aqui no Brasil, em especial, quem não tiver capital para segurar momentos de crise e desafios para expansão terá sérios problemas”, avaliou Davi F. Franco da Rocha, vice-presidente do Investment Banking Varejo e Consumo – Itaú BBA. A inadimplência e a educação financeira, em um país que vive uma crescente oferta de crédito também foi discutida. “Hoje 30% do spread bancário no Brasil é para a inadimplência. A média de maturação de um varejo no Brasil é de 3 anos. O varejista não pode fazer um financiamento a curto prazo para isso. É preciso planejamento e educação financeira, ou desta forma ele será um possível inadimplente”, ressaltou.
 
Não só a questão da educação financeira foi vista como um gargalo para o varejo, mas a educação como um todo que aflige o desenvolvimento da sociedade brasileira, principalmente na formação de mão de obra qualificada para um crescimento com mais qualidade do varejo, também foi vista como um dos principais obstáculos para o amadurecimento de alguns setores. “Sem educação não preparamos mão de obra”, frisou Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR).
 
E-commerce pode ser a saída?
 
Questionados sobre o real impacto do comércio pela internet nos últimos anos, os debatedores concordaram que houve sim um crescimento e uma procura maior pelo e-commerce, mas que a realidade hoje para muitos players é o multicanal.
 
Fabio Soares de Miranda Carvalho, presidente do Casa & Video avalia o ecommerce no Brasil como algo ainda a ser amadurecido. “Questões como entrega, frete e amadurecimento nos processos digitais de compra, ainda devem ser levados em consideração hoje no e-commerce brasileiro. Hoje o consumidor ainda prefere uma boa experiência de compra em todos os canais. Mas é fato que as compras e principalmente a pesquisa de compra pela internet tem influenciado muito a dinâmica do varejista”, destacou.
 
Entre tantos assuntos abordados, a plenária evidenciou o caráter desafiador do varejo brasileiro como o ponto principal para novos e experientes empreendedores. Um cenário que merece maior atenção do governo na questão tributária, mas que devido a sua pluralidade e diversidade, terá multiplicado também seus desafios.
 

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