Cobertura da palestra Oportunidades na Crise no Fórum de Economia da Amcham de Curitiba

06/2016

Folha de Londrina

Por Magaléa Mazziotti

 
VIVA REAL - 12/05/2015 - Conecta Imob 2015, Sao Paulo. Foto: Leonardo Rodrigues

Foto: Leonardo Rodrigues

 

Curitiba – Um novo ciclo positivo para a economia brasileira se avizinha, com um cenário de inflação e juros em queda, e a multiplicação de oportunidades de negócios, sobretudo, nas áreas da educação, saúde e alimentação. Esse é o resumo do diagnóstico feito pelo economista-chefe para a América Latina da S&P Global Rattings (atual nome da Standard & Poor´s Ratings Services), Joaquim Cottani, pelo economista Ricardo Amorim e pelo CFO (Chief Financial Officer) do McDonald’s Brasil, Ivan Zarur, que participaram do Fórum de Economia, promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), ontem, em Curitiba. O consenso otimista, porém, baseou o declínio da taxa básica de juros (Selic) do Brasil, hoje fixada em 14,25% ao ano, e a inflação de 9,32%, por uma razão nem um pouco positiva, a forte recessão que em dois anos fez passar de 7 milhões para 11 milhões o total de desempregados no País.

 

A pior derrota
 
O economista Ricardo Amorim aprofundou o panorama do próximo ciclo, defendendo que a percepção desse momento por parte do empresário é de fundamental importância para quem está em busca de oportunidades. “Minha principal recomendação é de que nunca desperdicem uma boa crise, pois é ela que tira pessoas e empresas da zona de conforto e as leva a fazer o que é necessário. Todo mundo lamentou a derrota para o Peru nesta semana, pois digo que a pior derrota brasileira foi na economia. Nos últimos cinco anos, o crescimento do nosso PIB foi menor que o deles”, apontou.

 

A crença na virada dessa situação, para Amorim, está calcada no encerramento de um longo ciclo decrescente, construído pelo estímulo ao consumo, que encareceu o país tanto para quem produz, quanto para quem consome. “Já batemos o fundo do poço, foram seis anos cavando, por meio de um boom de oferta de crédito, que fez o país desindustrializar, pois viramos, na época do dólar, entre R$ 1,5 e R$ 2, um exportador de consumidores, uma vez que ficou mais barato viajar para comprar do que arcar com os preços dos mesmos produtos no mercado interno. Faz três anos que as empresas deixaram seus projetos de investimentos na gaveta”, recordou. “O desequilíbrio das contas externas foi eliminado, com o câmbio ultrapassando R$ 3,50, o outro ponto, que era a inflação, também apresenta tendência de baixa. Fica ainda o desequilíbrio nos gastos públicos, em que a sociedade brasileira precisa continuar firme no hábito de cobrar dos políticos esse controle, assim como passou a fazer com a corrupção”, acrescentou.

 

Virada
 
Nesse sentido, para o economista, tão logo a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do limite dos gastos públicos vire realidade e a reforma da Previdência avance, os investimentos voltarão a ser feitos no País. “A taxa de juros média no mundo está abaixo de 0,2% ao ano. Se o Brasil colocar a casa em ordem, vai chover dinheiro. Existem várias empresas estrangeiras com o dedo no gatilho para investir no Brasil, que, junto de China, Índia e Indonésia, são os locais em que qualquer empresa global quer ter presença para expandir seu faturamento”, destacou. “Estamos mais perto do que imaginamos da hora da virada e que dará lugar a um ciclo mais forte do que o vivido pela economia brasileira de 2004 a 2010. Quem fizer os movimentos antes, investindo em capital humano agora, vai aproveitar melhor esse novo momento”, alertou.

 

Investir onde o governo não é eficiente
 
Educação, saúde e alimentação, seguidos por logística, são setores vistos como certeiros para quem busca fazer bons negócios no País. “O governo não é eficiente nessas áreas, e a iniciativa privada tem uma vasta oportunidade para atuar nisso”, justificou o economista Ricardo Amorim.

 

Paralelamente ao negócio de alimentação, Ricardo Amorim reforçou a importância do Brasil como solução para a produção de alimentos no mundo. “Temos espaço para plantar e precisamos saber que mesmo as empresas que não lidam diretamente com o agronegócio são afetadas pelo setor. Haja vista que, nos últimos 15 anos, as cidades do interior cresceram muito mais do que as capitais, gerando várias demandas de melhoria de infraestrutura e, naturalmente, oportunidades de novos mercados”.

 

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