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09/2012
Brasil e demais países emergentes poderão salvar a economia mundial
O ex-presidente Lula não estava errado quando disse que a crise econômica mundial não provocaria uma tsunami no País, mas apenas uma ‘marolinha’. Mas como explicar o crescimento do Brasil e dos demais países do grupo do Bric (Rússia, Índia e China), enquanto economias consolidadas como as dos Estados Unidos e de países europeus definham? A resposta a esta questão foi apresentada pelo economista e apresentador do programa Manhattan Connection, exibido pela GloboNews, Ricardo Amorim, durante a 3ª Conferencia de Proteção do Consumidor de Seguros e Ouvidoria, realizada pela CNseg, em São Paulo (SP), esta semana (11 e 12).
A partir de uma análise apurada da “Evolução Econômica e Revolução no Consumo”, tema de sua palestra, Amorim apontou os fatores que provocaram a crise mundial e as condições que potencializaram as economias de países emergentes. O ponto de partida, segundo ele, foi a explosão de consumo gerada na China, quando 400 milhões de chineses decidiram deixar o campo para morar na cidade. Com a alta do custo de moradia, o país passou a investir em construção civil. Tanto que, segundo Amorim, a China é hoje um grande canteiro de obras, que consome cinco vezes mais cimento por habitante do que o Brasil. Atualmente, 80 cidades chinesas estão construindo seus metrôs.
Essa “tsunami econômica”, criada pela China, atingiu outros países, caso do Brasil e da Índia. “O Brasil não fez nada, não resolveu seus problemas crônicos, mas mesmo assim cresceu. Imagine o quanto poderia crescer se fizesse sua parte”, disse. Um dos efeitos do crescimento econômico no Brasil foi a volta ao mercado de trabalho de 400 mil brasileiros que moravam em outros países e a vinda de cerca de 500 estrangeiros, sem contar os imigrantes ilegais. “Uma revolução”, disse. Por suas contas, nos últimos dez anos foram gerados 17 milhões de empregos, enquanto que nos Estados Unidos e Europa o nível do emprego caiu.
A crise econômica mundial de 2008, que na visão de Amorim também provocou a crise europeia, ainda não acabou. Segundo ele, o principal fator foi a bolha imobiliária nos Estados Unidos, estimulada pelo crédito farto, que acabou estourando nas mãos dos bancos e depois do governo. Com a crise nos bancos, Amorim explica que setores produtivos pararam de vender e os americanos, endividados, de comprar. Em síntese, “as famílias americanas repassaram o mico da crise aos bancos, que repassaram ao governo, que não tem para quem repassar”. Até o momento, a saída encontrada pelos Estados Unidos foi produzir mais dólares, prática que o Brasil adotou na década de 80. Daí porque Amorim pondera que os Estados Unidos terão de aumentar suas exportações para amenizar a crise, confiando no crescimento do consumo dos países emergentes.
Para ele, o crescimento dos emergentes virou a economia mundial de cabeça para baixo. Os eventos esportivos mundiais – Copa e Olimpíadas – serão sediados pelo Brasil, porque antes já foram realizados em países emergentes. Mesmo assim, os investimentos em infraestrutura deverão aumentar “colossalmente”, frisou, gerando oportunidades para investidores, como a China, que passará a enxergar mais vantagens no Brasil do que nos Estados Unidos, onde mantém aplicados em títulos US$ 3,5 trilhões a um custo de US$ 140 bilhões ao ano, ou seja, com prejuízo. “Vai chover dinheiro chinês. O Brasil será empurrado para o crescimento”.