Matéria do Diário do Nordeste sobre palestra de Ricardo Amorim sobre perspectivas para a economia brasileira e o mercado imobiliário

05/2014

Diário do Nordeste

 
Qual sua expectativa para o evento desta segunda-feira?
O Nome “Brasil em Debate” já diz muito por si só. Nossa intenção é discutir e tentar encontrar soluções para alguns dos muitos problemas que o país tem nesse momento e que isso pode ajudar a fazer com que o país cresça um pouco mais, gere mais riquezas, e se desenvolva mais. Essa é a minha expectativa em relação ao evento.
 
Você poderia citar alguns dos principais problemas que o país enfrenta nesse momento?
Acho que a síntese dos problemas está no fato de que de 2011 pra cá, o crescimento brasileiro vem decepcionando todos os anos. A média de crescimento do PIB tem ficado em cerca de 2%, o que não deve mudar muito nos próximos dois anos. Parte disso vem acontecendo porque nós temos muitos problemas. Para citar dois ou três, eu diria que o primeiro deles é que nós tempos um nível de impostos desproporcional à qualidade de serviços públicos que o Brasil recebe. A gente paga imposto de um país rico e recebe serviços públicos de um país pobre. Essa é a primeira coisa que precisa ser resolvida. A segunda é que nós temos um ambiente de negócios muito desfavorável e complicado, por várias razões, mas eu diria que a mais grave é a burocracia. O terceiro fator, que eu acho que passa por todos eles, é que na história do planeta não tem nenhum país que tenha se tornado desenvolvido sem fazer um belíssimo trabalho educação. Em outras palavras, sem usar o recurso mais valioso que todo país tem, que são as pessoas. E o Brasil não faz um bom trabalho nessa área, muito pelo contrário, se você for pegar as comparações internacionais de que medem a qualidade do ensino no Brasil, o país está bem mais perto dos piores do que dos melhores.
 
A Coopercon e o Sinduscon, que realizam o “Brasil em Debate”, defendem que a construção civil não é devidamente valorizada. Como você analisa este cenário e a importância do setor para o desenvolvimento do país?
Eu concordo que o setor não está sendo valorizado, mas isso passa pelo histórico de desenvolvimento da própria construção. O que aconteceu de 1980 a 2003, foi que o setor praticamente não cresceu no país. De 2004 para cá é que ele tem voltado a adquirir um espaço e um peso que lhe cabe na economia. Para um padrão histórico de desenvolvimento, é um período muito curto. Isso explica o fato de que o setor não é visto com o peso que ele tem. Na minha opinião, porém, é muito mais provável que o setor continue ganhando peso porque esse movimento de expansão de crédito veio para ficar no Brasil e, enquanto isso continuar, o setor vai seguir crescendo mais  que o resto da economia ganhando mais importância.
 
Especula-se muito sobre a possibilidade de uma bolha imobiliária no Brasil nos próximos anos. Você acredita que isso possa acontecer?
Tem gente falando de bolha no Brasil desde 2007, só que de lá pra cá, os preços, dependendo do imóvel, subiram entre 150 e mil por cento, aliás mais de mil por cento em alguns casos. Então, mesmo que eles caíssem agora, eles não iam chegar num nível que eles estavam sete anos atrás. Aí vem o ponto fundamental: estou bastante convencido que não existe bolha prestes a estourar. Há estudos e análise que dizem que não temos uma bolha prestes a estourar nem neste ano, nem no próximo. Agora, se a gente vai ter uma bolha que vai estourar mais pra frente no Brasil, eu não sei dizer, eu não consigo dizer nem que não nem que sim, mas consigo dizer com um grau de convicção de que nada vai estourar tão cedo.
 
Dados do Banco Mundial dão conta de que o Brasil tem diminuído sua distância em relação aos países mais ricos. Você diria que a posição do país apenas parece favorável, ou de fato ele tem se posicionado bem no cenário mundial.
O grande fator que faz com que o Brasil esteja se aproximando dos mais ricos é que todos os emergentes estão vivendo este processo. A minha impressão é que este ano e o ano que vem não serão muito favoráveis. Teremos um crescimento baixo, pois têm vários ajustes que precisam ser feitos agora que significam um país crescendo menos. O potencial, porém, é sensacional. Se formos capazes de arrumar a casa, podemos ter um desenvolvimento acelerado, olhando para um período mais longo, de uns dez anos.
 
Veja a entrevista clicando aqui
 
 

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