12/2022
Por: Centro do Comércio de Café do Estado de Minas Gerais
O economista Ricardo Amorim estreou a série de palestras oferecidas pelo 28ª Encontro Nacional do Café (ENCAFÉ), realizado entre os dias 23 a 27 de novembro. Em sua apresentação, com o título “Cenário Político, Econômico e Perspectivas”, o especialista abordou possíveis cenários para o futuro.
Possibilidades para o setor
Para os presentes, Amorim afirmou existir motivos para cautela e, também, para otimismo com o Brasil, destacando que, apesar do difícil cenário nacional e internacional, existem situações que podem ser grandes possibilidades.
Um exemplo citado foi a China, onde as restrições ao COVID-19 seguem em vigor e com força total, causando impedimentos nas relações comerciais, situação que pode abrir uma oportunidade futura: “Não dá para manter lockdown para sempre. Quando esta medida for suspensa, o mercado chinês irá precisar de produtos”. É essa necessidade que, atualmente, está valorizando a moeda brasileira, pois segundo o palestrante, existe um novo momento de valorização de commodities.
Outro fator internacional comentado foi a Guerra da Ucrânia, responsável por ressuscitar a discussão sobre a importância da geopolítica nos negócios, mostrando a necessidade de termos uma nova visão: “Não dá para pensar somente em cadeia de produção, mas, sim, em teia de produção, onde as alternativas estão sempre presentes”.
Focando no cenário nacional, Amorim apontou que o principal obstáculo no momento é a inflação, mas, pela primeira vez, o Brasil está adiantado no tema, pois os índices inflacionários estão caindo e, no momento, é um dos menores do mundo. O investimento estrangeiro também segue forte no país: “Mesmo em uma eleição difícil e polarizada como a deste ano, o Brasil foi o terceiro país que mais recebeu investimento estrangeiro”. Nas preocupações, ele cita o buraco de gastos estatais e a importância do equilíbrio fiscal: “Ainda temos problemas com alocação de recursos e de má qualidade de gastos”.
Café com valor agregado
Focando no cenário cafeeiro, o economista reforçou um ponto citado por Pavel Cardoso, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), em seu discurso de abertura, relacionado à necessidade de explorar o café como produto de valor agregado e, não somente como matéria-prima. Um dos obstáculos para essa questão é a alta carga de impostos: “O Brasil é o maior produtor de grãos do mundo, mas importa cápsulas de café. Por que não produzimos esse produto aqui para exportação? Pois os impostos aumentam em 97 vezes para essa mercadoria. Assim, somos incentivados a ser um produtor-exportador de um lado, mas não do outro”.
Ricardo Amorim destacou o cenário político brasileiro durante sua apresentação (Imagem: Juliana Bizzo)
Ainda nesta pauta, Amorim comentou a importância de aprimorarmos a imagem do café brasileiro no exterior, citando o exemplo da Colômbia: “Nos Estados Unidos, o café é mais associado à Colômbia, e isso se deu por conta de um forte trabalho de comunicação da marca. O Juan Valdez é presença garantida por lá”. Valdez é um personagem fictício que aparece em anúncios da Federação Nacional de Cafeteiros da Colômbia desde 1958, representando um cafeicultor colombiano. É usado como uma marca de ingrediente, para denotar, especificamente, grãos de café cultivados e colhidos apenas na Colômbia.
O palestrante encerrou sua apresentação destacando o grande sucesso que a indústria cafeeira conquistou em seus mais de 100 anos de existência e citou o setor como um gigantesco sucesso. Ele ainda lembrou do importante papel social que a bebida exerce: “Hoje em dia, não falamos ‘vamos marcar uma reunião’, mas, sim, ‘vamos tomar um café?’. A experiência do café é feita disso, desse poder relacional que ele exerce”, concluiu.
Fonte: Jornal do Café (Por Usina da Comunicação e fotos de Juliana Bizzo)
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