05/2017
Por Hassan Farias
A palestra de Ricardo Amorim, economista e apresentador do programa Manhattan Connection, da Globo News, encerrou o segundo dia da Expogestão, evento que termina nesta quinta-feira em Joinville. Durante a fala de cerca de uma hora, o especialista afirmou que a classe média voltará a crescer e o que o País terá uma retomada da economia nos próximos anos, muito maior do que as pessoas acreditam. Ele ressaltou que foram os brasileiros que causaram a crise e que isso é bom porque somos nós que podemos consertá-la.
Em sua fala, Amorim primeiro fez um histórico para mostrar como o País chegou ao atual momento de crise. Ele comparou os cinco anos e meio de governo da ex-presidente Dilma Rousseff com o mesmo período do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente do Brasil. Os dados mostraram que o realizado do Produto Interno Bruto (PIB) foi acima do projetado durante o governo Lula e que todas as projeções caíram no período em que Dilma foi presidente, com índices abaixo do projetado em todos os anos.
— Um bom governo é aquele em que as surpresas positivas na economia são grandes e duram muito tempo. No governo Dilma, tivemos seis anos de surpresas negativas e, nos últimos 115 anos, só países em guerra ou com conflitos tiveram surpresas negativas durante sete anos. Se continuássemos assim, o Brasil seria o primeiro a chegar nessa situação em 115 anos — explicou.
Durante a palestra, Amorim deixou claro que os motivos que motivaram o impeachment no Brasil foram políticos. Ele afirmou que uma pesquisa do jornal americano The New York Times, realizada antes das delações premiadas da Operação Lava Jato, mostrou que dos 503 deputados e 81 senados brasileiros, 293 eram investigados pelos crimes eleitoral, de corrupção ou de homicídio.
— O Congresso, acuado, fez o que qualquer político acuado faria: achou alguém em situação pior. Qual a pessoa com menor popularidade no Brasil naquele momento? A presidente Dilma. Eles viram uma popularidade ruim, a economia em queda livre e a inflação aumentando — explicou.
Ele também fez uma análise mostrando que as crises e oscilações na economia são cíclicas. De acordo com Amorim, historicamente a queda no PIB e a depressão econômica resultaram em uma mudança política, desde a depressão de 1929 até o impeachment de Dilma, passando pela ditadura, o retorno da democracia e a queda do ex-presidente Fernando Collor.
Segundo Amorim, são as crises que causam mudanças e nos deixam mais fortes. Apesar de garantir que a economia irá melhorar, ele ressalta que não será sem esforço e suor. Será necessário que a população faça a crise se transformar em oportunidades. O especialista ainda defende que é necessário aprovar as reformas trabalhista e previdenciária, além de ser feita uma reforma tributária, para melhorar a situação do País.
Amorim detalhou dados mostrando que, nos últimos 12 anos, o varejo vendeu mais do que a indústria produziu, e as reformas poderão corrigir o que ele chama de distorções, colocando o Brasil novamente em crescimento. De acordo com ele, nenhum governo tem 100% de acertos e o presidente Michel Temer precisa fazer pelo menos duas coisas certas: estimular a produção e colocar as contas em ordem.
— Ninguém gosta da crise, mas ela tem um recado para deixar à gente: mudança. São as crises que causam mudanças que nos deixam mais fortes, mas temos que fazer ela se transformar em oportunidades.