Hernane Lélis – São José dos Campos
valeparaibano, São José dos Campos
Mercado imobiliário segue como o melhor investimento
Ricardo Amorim é economista e ganhou reconhecimento quando previu a crise financeira mundial de 2008 e os problemas no setor de energia no Brasil em 2001
Buscar respostas para o comportamento da economia e tentar prever como o mercado reagirá nos próximos anos é uma tarefa comum para o economista Ricardo Amorim, 39 anos, presidente da Ricam Consultoria e apresentador do ‘Manhattan Connection’, programa do canal a cabo GNT. Suas previsões nem sempre levam para algo positivo, como a crise financeira mundial de 2008, e a crise no setor de energia, que deu origem ao ‘Apagão’ em 2001. Em entrevista exclusiva à revista valeparaibano Amorim ‘lustrou’ sua bola de cristal – como ele mesmo gosta de dizer– e traçou o cenário econômico do Brasil e do Vale do Paraíba.
Para ele, a indústria aeronáutica que engatinhava rumo a uma recuperação após o baque provocado pela falta de crédito no mercado, continuará sofrendo por um longo período graças à turbulência no mercado externo. Já a previsão de entrada de grandes empresas chinesas no Vale representa um novo marco na economia regional e nacional. “Esse ano o maior investidor estrangeiro no Brasil será a China, na frente até dos investidores tradicionais, que são os Estados Unidos, Alemanha e Espanha”, avaliou com apenas uma ressalva. “É preciso saber dosar os incentivos fiscais e tentar controlar os impactos negativos”.
A economia do Vale do Paraíba tem como principais pilares os setores aeronáutico e automotivo. Há vantagem em manter essa característica?
Por venderem produtos de valor unitário muito alto, esses dois setores são mais dependentes de oferta de crédito que a maior parte da economia. Quando temos bons momentos econômicos, há forte expansão do crédito e esses setores crescem mais ainda. Por isso, quando a economia anda bem, depender desses setores é ótimo, mas se estiver mal acontece uma crise. Faria uma diferenciação importante entre os dois setores. O automotivo depende mais da economia doméstica brasileira enquanto o aeronáutico, mais especificamente a Embraer, depende da economia global. Como boa parte das vendas da Embraer é com exportações, quando as maiores economias mundiais, que são Estados Unidos, Europa e Japão, estão em crise, mesmo que o Brasil esteja passando por um momento espetacular, as vendas da Embraer são afetadas.