25/06/2010
A bola e a grana
A Copa do Mundo sugere que a decadência econômica europeia já pode estar se refletindo dentro de campo
A economia é uma senhora perversa. Sem pedir licença, se mete na vida das pessoas e sociedades, vira tudo de cabeça para baixo e depois nos convida a rir ou chorar. Presidentes são transformados em heróis ou vilões. Potências militares viram pedintes endividados.
Nem mesmo os esportes estão livres de suas estripulias. Por conta da crise econômica no Velho Continente, as receitas não conseguiram acompanhar os aumentos de gastos em nenhuma das cinco principais ligas europeias – a Premier League inglesa, La Liga espanhola, a Serie 1 italiana, a Bundesliga alemã e a Ligue 1 francesa –, deixando vários dos times mais badalados do planeta no vermelho na última temporada.
O problema é tão sério que a Uefa impôs regras para limitar salários e custos de transferência de jogadores a partir da temporada 2013-2014. Uma provável consequência será a redução da atração de craques para clubes de lá.
Nesta Copa, Dunga poderia escalar sua equipe – como ele mesmo gosta de enfatizar – apenas com seus oito convocados que jogam na Itália e os quatro que atuam na Espanha. Na equipe de nosso mal-humorado treinador há apenas três jogadores de clubes brasileiros – os 20 restantes jogam na Europa. Aposto que não haverá tantos “estrangeiros” na nossa equipe em 2014.
Até aí, não há surpresas. O surpreendente é que a decadência econômica europeia talvez já esteja se refletindo dentro do campo. Pode ser mera coincidência – e tudo se altere antes da Copa terminar –, mas, ao final da segunda rodada, quando esta coluna foi escrita, nenhum dos cinco países citados acima liderava seu grupo. Aliás, nenhum europeu liderava um grupo em que houvesse um sul-americano.
Enquanto os europeus tropeçavam, os cinco representantes da América do Sul – onde a economia vai muito bem, obrigado – lideravam seus grupos. Até mesmo um país africano que até 2002 nunca havia participado de uma Copa, Gana, estava à frente da tricampeã Alemanha. Falando em tricampeões, quem imaginaria o Paraguai à frente da Itália? O Chile superando a badalada Espanha? O Uruguai liderando seu grupo e a França virtualmente eliminada depois de duas partidas?
Enquanto os sul-americanos estão fazendo a festa, os africanos, à exceção de Gana, têm decepcionado. Faço aqui uma profecia. Apesar dos tropeços na Copa em seu continente, arrisco dizer que os africanos, e até mesmo os asiáticos – que se tornaram o motor da economia mundial ao longo dos últimos dez anos –, vão fazer bonito na Copa no Brasil. Até aqui, a falta de tradição no esporte falou mais forte do que a emergência econômica, mas, a qualquer hora, a balança vai pender para o outro lado.
Não se surpreenda se a China enviar à Copa no Brasil mais do que as insuportáveis vuvuzelas e os torcedores da Coreia do Norte. Neste ano, a Yingli Solar, uma das líderes globais em produção de energia solar, estreou como a primeira empresa chinesa a patrocinar uma Copa do Mundo. Já em 2010, a China está superando os Estados Unidos, tornando-se o país a realizar mais investimentos diretos no Brasil.
É bem possível que empresas chinesas dominem a lista dos patrocinadores da Copa.
Nem mesmo os esportes estão livres de suas estripulias. Por conta da crise econômica no Velho Continente, as receitas não conseguiram acompanhar os aumentos de gastos em nenhuma das cinco principais ligas europeias – a Premier League inglesa, La Liga espanhola, a Serie 1 italiana, a Bundesliga alemã e a Ligue 1 francesa –, deixando vários dos times mais badalados do planeta no vermelho na última temporada.
O problema é tão sério que a Uefa impôs regras para limitar salários e custos de transferência de jogadores a partir da temporada 2013-2014. Uma provável consequência será a redução da atração de craques para clubes de lá.
Nesta Copa, Dunga poderia escalar sua equipe – como ele mesmo gosta de enfatizar – apenas com seus oito convocados que jogam na Itália e os quatro que atuam na Espanha. Na equipe de nosso mal-humorado treinador há apenas três jogadores de clubes brasileiros – os 20 restantes jogam na Europa. Aposto que não haverá tantos “estrangeiros” na nossa equipe em 2014.
Até aí, não há surpresas. O surpreendente é que a decadência econômica europeia talvez já esteja se refletindo dentro do campo. Pode ser mera coincidência – e tudo se altere antes da Copa terminar –, mas, ao final da segunda rodada, quando esta coluna foi escrita, nenhum dos cinco países citados acima liderava seu grupo. Aliás, nenhum europeu liderava um grupo em que houvesse um sul-americano.
Enquanto os europeus tropeçavam, os cinco representantes da América do Sul – onde a economia vai muito bem, obrigado – lideravam seus grupos. Até mesmo um país africano que até 2002 nunca havia participado de uma Copa, Gana, estava à frente da tricampeã Alemanha. Falando em tricampeões, quem imaginaria o Paraguai à frente da Itália? O Chile superando a badalada Espanha? O Uruguai liderando seu grupo e a França virtualmente eliminada depois de duas partidas?
Enquanto os sul-americanos estão fazendo a festa, os africanos, à exceção de Gana, têm decepcionado. Faço aqui uma profecia. Apesar dos tropeços na Copa em seu continente, arrisco dizer que os africanos, e até mesmo os asiáticos – que se tornaram o motor da economia mundial ao longo dos últimos dez anos –, vão fazer bonito na Copa no Brasil. Até aqui, a falta de tradição no esporte falou mais forte do que a emergência econômica, mas, a qualquer hora, a balança vai pender para o outro lado.
Não se surpreenda se a China enviar à Copa no Brasil mais do que as insuportáveis vuvuzelas e os torcedores da Coreia do Norte. Neste ano, a Yingli Solar, uma das líderes globais em produção de energia solar, estreou como a primeira empresa chinesa a patrocinar uma Copa do Mundo. Já em 2010, a China está superando os Estados Unidos, tornando-se o país a realizar mais investimentos diretos no Brasil.
É bem possível que empresas chinesas dominem a lista dos patrocinadores da Copa.