Alumínio & Cia
06/2013
1. Os eventos esportivos de grande porte (Copa das Confederações e Copa do Mundo, além das Olimpíadas) vão impactar positivamente na economia do País e também na infraestrutura? Muito é dito sobre os benefícios durante esses eventos, mas e depois?Os hotéis, por exemplo, vão virar elefantes brancos, ou a tendência é que a visibilidade desses acontecimentos proporcione sempre alguma ocupação considerável?
Ricardo Amorim – Os impactos eventos desta magnitude não se limitam à duração dos próprios eventos. Aliás, os impactos econômicos mais significativos acontecem antes e depois dos eventos esportivos em si. Antes dos eventos precisam acontecer os investimentos em infraestrutura em arenas, transporte, telecomunicações, energia, etc. Além disso, há os investimentos em treinamento de pessoas que direta ou indiretamente participarão da Copa do Mundo e das Olimpíadas e uma série de eventos de planejamento e testes, como a própria Copa das Confederações que já acontece neste ano.
Durante o evento, os setores de viagens, hotelaria, restaurantes, lojas são alguns dos mais impactados. Após a Copa, os impactos continuam devido ao efeito de visibilidade que o país alcança. Por exemplo, as exportações de todos os tipos de produtos de países que recebem a Copa do Mundo costumam crescer 25% mais que a dos demais países nos anos após a Copa.
Em termos de turismo, o número de visitantes estrangeiros que um país que recebe a Copa do Mundo recebe anualmente costuma dobrar entre o anúncio da escolha do país sede e 2 anos após a Copa devido à visibilidade que a Copa dá ao país. A última Copa foi assistida por 30 bilhões de pessoas, 4 vezes toda a população do planeta somando-se todos os jogos. No caso brasileiro, o potencial é ainda maior porque o país ainda engatinha em termos de exploração de seu potencial turístico. Por ano, o Brasil inteiro recebe a metade do número de turistas estrangeiros que Antália, na Turquia, sozinha. Em resumo, é óbvio que o grau de ocupação total dos hotéis durante os grandes eventos não se manterá em períodos mais tranquilos, mas daí até vermos excesso de capacidade hoteleira no Brasil após os eventos há uma enorme distância.
2. Quais as oportunidades para as companhias brasileiras e estrangeiras diante dos eventos? Você pode dizer algo relativo à indústria, se possível a do alumínio?
Ricardo Amorim – A Copa do Mundo sozinha deve aumentar o crescimento do PIB brasileiro neste ano e no próximo em quase de 1,5 p.p. e gerar cerca de 250 mil empregos diretos e indiretos. Isto significa mias consumo e obviamente oportunidades de mais vendas para indústria em geral, incluindo a indústria de alumínio. Ainda mais importante, uma parte expressiva deste crescimento virá de investimentos em infraestrutura, onde a utilização de alumínio é ainda maior. Sem falar em benefícios e oportunidades de melhoras intangíveis. Por exemplo, empresas brasileiras ou estrangeiras instaladas no Brasil estão sendo forçadas a aprender a se programar a longo prazo para poder aproveitar estas oportunidades, algo que não é comum no país. Por exemplo, o cadastramento junto à Fifa da rede hoteleira fechou dois anos antes da Copa. Quem ainda não se cadastrou, não vai mais poder se cadastrar.
3. Veremos melhorias além das cidades-sede, especialmente quando falamos em infraestrutura?
Ricardo Amorim – Sem dúvida. A mais importante é a melhora da infraestrutura de transporte aéreo. Ainda que a maior parte dos investimentos aconteçam nas cidades-sedes, aeroportos maiores e mais modernos nas cidades-sedes vão colaborar para melhorar o tráfego aéreo em todo o país, o q eu, aliás, o Brasil precisa desesperadamente.
Ricardo Amorim é apresentador do Manhattan Connection da Globonews, colunista da revista IstoÉ, presidente da Ricam Consultoria, único brasileiro na lista dos melhores e mais importantes palestrantes mundiais do Speakers Corner e economista mais influente do Brasil segundo o Klout.com.