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Céu azul, mas com nuvens carregadas atrás das montanhas

 

09/2021

Por Ricardo Amorim

 

O Brasil, finalmente, acelerou a vacinação. Com mais gente vacinada, caiu muito o número de pessoas contaminadas, hospitalizadas e de mortes. Com isso, a atividade econômica foi normalizada e a economia cresceu mais. A julgar por países mais adiantados na vacinação e normalização da economia, esta recuperação deve continuar forte nos próximos meses.

 

Depois de muito tempo com mobilidade limitada e preocupadas com saúde e economia, as pessoas consomem mais quando se sentem mais seguras. Principalmente, o consumo de produtos e serviços não essenciais e de lazer cresce muito.

 

Infelizmente, países mais adiantados na vacinação e reabertura também mostram que, se muita gente opta por não se vacinar, como em Israel e EUA, com mais contato social, algum tempo depois, também voltam a subir as mortes, o que causou novos lockdowns.

 

Por outro lado, nos Emirados Árabes Unidos e em Portugal, os dois países mais vacinados do mundo, onde o percentual dos que não se vacinaram é bem menor, não houve uma nova onda da pandemia, ao menos não até agora.

 

Pesquisas indicam que, no Brasil, a porcentagem dos que não querem se vacinar é baixa, mas o Presidente tem questionado a necessidade de vacinação. Talvez, menos brasileiros se imunizem por isso. Caso o percentual não imunizado seja grande, corremos o risco de termos novas medidas de restrição econômica.

 

Um passaporte de vacinação evitaria isso. As pessoas tiveram o direito de escolher não se vacinar. Agora, deveriam ter de lidar com as consequências da decisão. Em Israel, EUA e Reino Unido, mais de 98% das mortes têm sido de pessoas não imunizadas. Um passaporte de vacinação cuidaria, ao mesmo tempo da saúde e da economia, mas o governo federal já se pronunciou contra.

 

Sem um passaporte de vacinação, um novo fechamento de atividades econômicas é o primeiro risco entre o final deste ano e a primeira metade do ano que vem. Infelizmente, não é o único. A alta da inflação exigiu sucessivas elevações dos juros, que ainda assim, ainda não conseguiram controlar a inflação até aqui. Por isso, os juros subirão mais. A taxa Selic pode até voltar a dois dígitos em 2022, se o cenário eleitoral for conturbado.

 

Além disso, confirmadas as previsões dos meteorologistas, faltará água nos reservatórios das usinas hidroelétricas do sudeste e centro-oeste do país, exigindo mais altas do preço da energia elétrica e, eventualmente, até racionamento.

 

Por fim, o cenário internacional, que ajudou muito a recuperação da economia brasileira até aqui, está piorando. Dificuldades da Evergrande deixaram claro que medidas do governo chinês para desaquecer o mercado imobiliário podem quebrar incorporadoras muito endividadas, causando grandes perdas para bancos na China, EUA e Europa. Isto pode, eventualmente, ser o gatilho de uma nova crise financeira global.

 

Enfim, aproveite os próximos meses, com mais empregos e crescimento econômico, mas esteja preparado para um 2022 mais desafiador, inclusive, infelizmente, até com risco de nova recessão.

 

Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultoria e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.

 

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