Em palestra sobre mercado imobiliário, economista Ricardo Amorim reafirma boas perspectivas para setor.

Portal Imobiliária em Ribeirão Preto

13/10/2011

Fonte ClippingImóveis

 
 
O Economista Ricardo Amorim vê um Cenário Positivo Para o Mercado Imobiliário Brasileiro.
 
Quem acredita nesse bom momento do país é o economista, debatedor do programa do Manhattan Conection, colunista da Revista Istoé e consultor da RICAM, Ricardo Amorim. Respaldo para tais certezas não falta. Amorim é hoje um dos principais nomes do setor quando o assunto é economia e estratégia de investimentos. Seus 20 anos atuando no mercado de Nova Iorque e São Paulo, além de sua formação privilegiada, incluindo uma pós-graduação em Administração e Finanças Internacionais pela ESSEC Business School de Paris, serviram de alicerce para o especialista moldar uma visão diferenciada do cenário mundial.
 
Não é à toa que entre os intervalos de gravação do seu programa veiculado na Globonews e suas viagens de negócio ao redor do mundo, Amorim realiza palestras de canto a canto do planeta. E o principal tema sempre são as tendências do Brasil e exterior. “Hoje, nosso país vive dias antes nunca vistos. Na verdade, tivemos momentos promissores no passado. Mas a má administração que tivemos na conhecida década perdida, principalmente com a inflação, freou nosso crescimento”, afirma.
 
O termo “década perdida”, a que o economista faz referência, faz alusão aos anos de 1980, quando o país viveu um dos seus momentos mais negros da história atual. A tal expressão ficou caracterizada pela queda nos investimentos e no crescimento do PIB, pelo aumento do déficit público, pelas dívidas externa e interna, além da ascensão inflacionária. “Quando falamos em década perdida, deveríamos ir além. Foi uma geração perdida. O país deixou de crescer e a população de se aprimorar, isso até mais ou menos o começo do novo milênio. Foram 25 anos claustrofóbicos para nossas pretensões”.
 
Porém, o cenário se transformou. Demorou, mas finalmente o país navega a favor da correnteza, apesar de sobressaltos que ainda acontecem, como a crise global do final de 2008 e uma nova crise nos países que parece estar em vias de se intensificar. Para se ter uma ideia do atual desenvolvimento brasileiro, entre o final dos anos de 1970 até 2003, o crescimento médio da economia brasileira não passou de ínfimos 2,3%. Em 2010, o crescimento do PIB do país chegou a 7,5%. Durante a Era Lula, atingiu a expressiva média anual de mais de 5%. Números que transformaram o Brasil de uma eterna promessa em uma nação próspera e em busca da grandiosidade.
 
E por falar em Lula, querendo ou não, o mandato do presidente mais carismático que já tivemos foi primordial para retomada do país. O antecessor de Dilma teve méritos (assim como Fernando Henrique Cardoso) durante seu governo, principalmente com as questões sociais, como o Bolsa Família, e na tentativa de redução da pobreza. “Nos cinco últimos anos, 55 milhões de brasileiros saíram das classes E e D, e emergiram para as classes A, B e C. O mercado consumidor brasileiro ganhou uma Itália inteira de novos consumidores”, garante Amorim.
 
Ao mesmo tempo, além das qualidades, Luiz Inácio Lula da Silva mostrou que tem muita sorte. Acontecimentos externos na economia mundial ajuda¬ram o país a ter a grande virada. Como ponto inicial, a entrada da China para a OMC (Organização Mundial do Comércio), em 2001, e o crescimento dos países emergentes asiáticos. “Aconteceram algumas mudanças no mundo que foram favoráveis ao nosso país. A mais relevante foi a alta das matérias-primas. Índia e China se tornaram países importantes. São nações muito populosas e ‘pobres’, que precisam de commodities agrícolas, minerais e fontes de energia”.
 
Então, não é acaso que hoje sejamos o segundo maior exportador de produtos agrí-colas do mundo. No ano passado, o setor de agronegócios do país gerou o recorde de US$ 76,4 bilhões, encostando nos Estados Unidos, que já prevê que o Brasil vai tirar a liderança norte-americana nas exportações de alimentos em 2020. Hoje, lideramos as exportações de açúcar (48% do total global), carne bovina (18%), café (30%) e suco de laranja (39%). E ficamos no segundo posto, atrás só dos EUA, nas vendas de soja (32%), álcool (40%) e carne de frango (27%). Estamos deixando para trás as nações concorrentes, e não apenas no ramo de alimentos. Já somos o quinto mercado automotivo. E se o crescimento continuar parecido até a Copa do Mundo, teremos o terceiro mercado mundial. Também somos o terceiro em negócios minerais.
 
Agora você deve estar se perguntando: será que estamos falando do mesmo país? Estamos falando da terra de Pelé e, atualmente, Neymar? A resposta é sim. Ricardo Amorim sabe que o brasileiro ainda é receoso quando se trata de dias melhores em solo tupiniquim. A população tem motivos para isso, o período entre 1979 e 2003 não foi nada promissor, o que não quer dizer que irá acontecer o mesmo nas próximas décadas – pelo contrá¬rio. “Brinco com meus amigos que estamos fadados ao sucesso. Mesmo se repetíssemos todos os erros do passado, que foram muitos, não seria o suficiente para impedir o Brasil de crescer, apenas retardaria nosso desenvolvimento”, revela Ricardo Amorim.
 
A afirmação não deveria gerar estranhamento. Somos uma nação emergente, digna de fascínio dos nossos vizinhos da América do Sul e de países mais longínquos; vistos como solução para muitos problemas mundiais que virão a acontecer, graças aos nossos recursos naturais. Ao lado de China e Índia, somos um dos pés do tripé que especialistas acreditam que sustentará o mundo nos próximos anos. Uma potência em plena ascensão, que está atraindo até mesmo profissionais de fora. “O Brasil virou a América, terra da oportunidade. Estamos atraindo gente boa para cá. Cerca de 400 mil brasileiros que moravam fora volta¬ram para trabalhar aqui nos últimos quatro anos. E uma pesquisa com alunos de MBA de Harvard apon¬tou que se pudessem escolher um país para trabalhar, ficariam entre China, Índia ou Brasil”, assegura.
 
Nem tudo são flores?
 
Mas o país tem problemas, claro. Há questões políticas complicadas, inflação, altíssimas taxas de juros e de im¬postos, infraestrutura deficiente. Entretanto, Amorim explica que são dificuldades que poderiam ser contor¬nadas. Com medidas certas, poderíamos trabalhar nossa política interna, começando pelas reformas da previ-dência, trabalhista e redução de gastos públicos, o que ajudaria muito no combate a taxas elevadas de juros. “Nada disso é fácil e parte disso é improvável, mas, se realizado, sobrariam recursos para melhorar nossa edu¬cação, gerando trabalhadores mais bem preparados e mais produtivos”.
 
Uma nova crise econômica mundial é outro problema que deveremos enfrentar. Não há um país que não foi ou será afetado pela crise, por menor que seja esse trauma. Mas no caso do Brasil as perspectivas são bem menos alarmantes que nos países ricos. “Vários países da Europa irão precisar de auxílio financeiro. Precisa¬mente, Espanha, Bélgica e Itália. E para esses países vai se precisar cinco vezes mais do que foi necessário para ajudar Irlanda, Portugal e Grécia. E não há esse dinheiro todo disponível. Isso vai acarretar uma crise lá, e que irá atravessar os oceanos e bater inclusive nas costas brasileiras com efeitos significativos em um primeiro momento, mas que serão superados como foram em 2009”, garante Amorim.
 
Mercado Imobiliário
 
Um dos setores que mais se beneficia com a atual economia nacional é o mercado imobiliário. Com o setor aquecido, os valores dos imóveis não param de subir. “A alta de preços nos últimos anos colocou o Brasil em patamares parecidos com os demais mercados mundiais. Nossos preços estavam muito defasados”, salienta.
 
O aumento de crédito também foi um fator decisivo para esse crescimento. Com mais liberações de financiamentos, cresceu a procura por residências. Ou seja, ele serviu de combustível para a ascensão do mercado de imóveis. E a tendência é que continue assim, principalmente se as taxas de juros voltarem a cair. “Uma nova crise de novos países ricos deve reduzir significativamente nossas ex¬portações. Esses produtos que seriam exportados terão de ser vendidos no mercado brasileiro, colaborando para reduzir a inflação e permitindo que o Banco Central volte a reduzir os juros em 2012″.
 
Muita gente a partir desse bom momento do setor imobiliário começou a se perguntar se estaríamos vivendo uma bolha, assim como aconteceu com os Estados Unidos, em 2008. Amorim é taxativo. “Não estamos prestes a ver o estouro de uma bolha imobiliária. Muitos fazem uma comparação com a situação norte-americana. A di-ferença importante é: o crédito imobiliário nos Estado Unidos em 2007, antes do estouro da bolha, representava 79% do PIB americano. O brasileiro representa 4%. Ou seja, lá o crédito é vinte vezes maior. Se tivermos uma bolha, não será agora”.

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