Entrevista de Ricardo Amorim sobre perspectivas para Bolsa.

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Edição 60

Por Por Andressa Marques

Ricardo Amorim
Economista formado pela Universidade de São Paulo e pós-graduado em Administração e Finanças Internacionais pela E.S.S.E.C. (École Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales) de Paris. Retornou ao Brasil em 2008, após oito anos em Nova Iorque, depois de prever ainda em 2007 a crise financeira global e vislumbrando uma recessão prolongada nos EUA e um período de grandes oportunidades no Brasil.
Para onde vai a bolsa brasileira?
Com os mercados internacionais em crise e a economia nacional em ascensão, o investidor tem pela frente um cenário favorável para se ganhar dinheiro na bolsa de valores brasileira. Porém, o seu planejamento deve estar focado no longo prazo, segundo economista.
Por Andressa Marques
 
Para o presidente da Ricam Consultoria, Ricardo Amorim, aplicar no mercado acionário brasileiro é uma ótima opção para o investidor, mas apenas para os próximos meses já que o grande passo da BM&FBOVESPA será negativo. “Acredito que aqui até o final deste ano, eventualmente até o começo de 2012, o mercado irá cair porque a crise europeia deve piorar”, elucida o economista ressaltando, ainda, que deve se tornar uma crise global. “Na medida em que ela se transforma em crise mundial, acontecerá como no final de 2008 com mercados acionários em baixa, e baixa forte e rápida”, lembrou.
O Ibovespa tem registrado uma queda de 12% neste ano, segundo Amorim. A boa notícia é que o risco de fortes quedas do Índice diminuiu já que a bolsa está 12% mais barata. Para muitos investidores, esta seria uma boa temporada para as barganhas, mas a estratégia ainda é desapropriada. “Ainda não é a hora de voltar a comprar ações de forma agressiva simplesmente porque o momento sugere muita cautela. Movimentos de bolsa próximos dos 70 mil pontos como vimos neste ano são ótimas oportunidades para o investidor reduzir sua exposição”, aconselha o economista.
Pensar a longo prazo é a melhor opção
Levando-se em conta que a economia mundial está cada vez mais influenciada por países emergentes, como a Índia, a China e o Brasil, o mercado acionário brasileiro no momento certo sofrerá uma consequência positiva dessa crise, que deve se aprofundar nos países ricos ao longo dos próximos trimestres. Isso significa que os bancos centrais desses países, tendo que estimular as suas economias, disponibilizarão ainda mais dinheiro nos mercados dos emergentes, cujo produto principal é a matéria prima.
Amorim aconselha quem quer investir a esperar um pouco mais e pensar a longo prazo. Para o economista, os setores dependentes de créditos, entre eles, o imobiliário – além daqueles que têm produtos com valor unitário alto, como os da indústria automotiva -, são expectativas ruins para o curto e médio prazos, mas são muito positivas para o longo prazo. “Como disse anteriormente, durante a crise européia faltará dinheiro e esses mesmos setores que acredito que serão os melhores para os próximos anos devem ser os mais afetados durante o momento de crise intensa, assim como ocorreu em 2008. Mas é preciso ficar atento a esse mercado”, avalia.
Os setores de commodities e de agronegócios também serão beneficiados da forte demanda proveniente do mercado global, em especial, dos países muito populosos como China e Índia. “Nesses países, são mais de dois bilhões de pessoas, a grande maioria pobres, e quando começarem a melhorar o nível de vida, vão consumir mais alimentos, assim como matéria prima para a construção de cidades, visto que ainda são dois países rurais, mas já em fase de crescimento econômico”, prevê Amorim.
Taxa básica de juros
Um dos principais motivos para que o Ibovespa desacelere em 2011 é a taxa básica de juros, a Selic, que não atrai a atenção de investidores com seus 12,25% ao ano. Além disso, o Copom (Comitê de Política Monetária) mostrou, em sua ata divulgada na primeira quinzena de junho, que o cenário de juros descolados do resto da maioria dos países permanece uma vez que o comitê defende a posição de que o aumento da Selic “por um período suficientemente prolongado” continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012.
A previsão dos analistas é que a Selic deve encerrar este ano em 12,5% e, no próximo ano, em 12,25%. Isso leva os analistas a crer que ainda é possível se esperar uma elevação da taxa de 0,25 ponto percentual. A próxima reunião do Copom está marcada para o final de julho.
OBS: As informações da reportagem são baseadas na opinião do especialista entrevistado. Saiba mais

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