Jornalista Ricardo Amorim destacando-se no Twitter.

05 de março, 2011

Nino Carvalho

 

Como personalidades devem agir no Twitter

Há algumas semanas venho trabalhando com um dos mais renomados profissionais em sua área de atuação. Algo como o Ronaldinho ou o Kotler de seu segmento. Bem, recentemente conversamos sobre como ele deveria atuar no Twitter, não só para reforçar a sua marca e alcançar novos públicos, mas principalmente para melhorar e ampliar as interações com a comunidade-alvo.
Com isso, pensei em fazer este post com algumas recomendações para que marcas pessoais sejam estrategicamente trabalhadas nas redes sociais. De fato é interessante pensar que estas grandes personalidades, altos executivos, profissionais famosos etc, têm dificuldade em “existir na internet” (célebre e certeira expressão criada pelo RoneyB). São pessoas que, muitas vezes, nunca tiveram uma oportunidade tão direta de interagir e viver em comunidade com seus seguidores ou fãs.
Uma pesquisa interessante, publicada no blog A Quinta Onda (de Mauro Segura), mostra que somente 12% dos CEOs do Brasil utilizam Twitter ou Facebook. O autor ainda aponta que muitos destes CEOs não estão nas redes sociais porque dizem ter coisas mais importantes a fazer. Tsc, tsc… e eu que achava que o mais importante era servir ao cliente…
Consegui levantar alguns artigos acadêmicos que trazem sugestões mais fundamentadas e casei essas dicas com minha experiência gerenciando ou ajudando marcas a entrar e sobreviver com sucesso no ambiente digital. O resultado foi uma seleção de algumas recomendações que resultaram nesse post (mais sugestões de leitura lá no final do texto).
Veja essas 4 dicas sobre o comportamento e abordagem de marcas pessoais nas redes sociais (particularmente importantes e válidas para redes com interações frequentes e ágeis, como o Twitter ou Facebook).

  • Ouça, converse, interaja – talvez a recomendação mais importante seja essa. O ambiente digital permitiu que as pessoas (qualquer pessoa) possam, talvez pela primeira vez na história, interagir com alguém que admira ou se espelha profissionalmente. É provável que quanto mais relevante você for em seu segmento, mais gente esteja acompanhando o que você posta. Lembre-se que você está em uma comunidade e não é suficiente manter o relacionamento “offline” de mão única.
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  • Mostre que você é humano – quanto mais “importante” ou “famoso” você for, mais inatingível você será na percepção de seu público. É essencial demonstrar que você também é uma pessoa normal! O José Serra cumpriu bem esse ponto. Na época das eleições, por exemplo, essa humanização do candidato provavelmente o ajudou a melhorar um dos seus principais desafios – a empatia – e a criar uma imagem mais simpática junto aos eleitores. Nesse tópico considero o Ashton Kutcher o melhor benchmark, vale a pena conhecer mais seu perfil no Twitter.
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  • Pato novo não mergulha fundo – aprendi isso justamente com o tal ícone profissional que me inspirou a fazer esse post. É algo particularmente importante para aqueles que não estão acostumados às redes sociais. Basicamente significa que por mais que você seja uma celebridade no mundo de tijolo, ainda está começando sua existência digital. Por isso, tente sentir e conhecer um pouco mais desse novo ambiente, com uma cultura bem particular, antes de sair por aí dizendo e fazendo.
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  • Quem fala o que quer… – as redes sociais não pertencem a você (ouviu, Xuxa?), então esteja preparado (e muito aberto) para ouvir coisas que você pode não estar acostumado a escutar… Da mesma maneira que você conhecerá pessoas e fãs novos e interessantes, também poderá ter contato com ofensores ou críticos que não te alcançariam antes de você estar com a vida aberta no Twitter. Tenha calma, ouça e veja como pode extrair algo de bom destes semi-conflitos.

Naturalmente estas recomendações devem ser seguidas em alinhamento com um sólido planejamento de construção e gestão de marcas. Lembre-se sempre que a internet estimula objetivos em longo prazo, baseados em relacionamento com os stakeholders da marca/organização – e é justamente por isso que torna-se tão importante viver de fato na comunidade, em vez de continuar com a velha abordagem de sugar o possível do público-alvo sem entregar reconhecimento, confiança e benefícios.
Vale, ainda, destacar outros dois exemplos brasileiros que têm me chamado a atenção. O primeiro é o Ricardo Amorim, que usa o Twitter já há um tempo. Palestrei em um evento com ele e conversamos brevemente. O economista reconhece muito bem a importância de ter uma presença bem trabalhada nas redes sociais e , de fato, fazer parte da comunidade. Em seu perfil no Twitter ele conversa, RT, mostra bom humor e se aproxima bem de seus seguidores, fãs e outros interessados.
O segundo exemplo é o do jornalista Rafael Coimbra, que você deve também se lembrar da Globo News. O que me chamou a atenção é que ele não se porta como um semideus no mundo digital (por incrível que pareça, falha comum dos famosos e personalidades…). O jornalista é super próximo da comunidade, mostra muita humildade, conversa bastante… enfim, provavelmente vai ser bem querido não só no Twitter ou na Globo News, mas em novos ambientes e com novos públicos.
Se você está nesse caso de ser um ícone em sua própria área de atuação, lembre-se que já tem a faca e o queijo na mão. Basta refletir sobre essa nova dinâmica no relacionamento marca X público e continuar ampliando o impacto de suas idéias, co-construindo seu conteúdo e visão de mercado em harmonia com a comunidade online.

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