06/2024
Por Ricardo Amorim
Vivemos em um mundo onde cada um de nós acredita ter uma visão clara da realidade.
No entanto, essa “realidade” é profundamente influenciada por nossas experiências pessoais, nossos contextos e, sobretudo, nossas perspectivas.
Recentemente, uma história iluminou essa verdade de maneira profunda para mim, mudando minha percepção sobre um hábito que, até então, me parecia difícil de compreender: o jogo da loteria.
Ouvi a história de um rapaz americano contando sobre a infância dele.
Uma de suas recordações era de sua mãe dele sempre comprando umas raspadinhas.
Custava U$3 e a explicação foi a seguinte: eles não tinham dinheiro suficiente pra comprar comida, e com U$3 ele não ia encher a geladeira…
Mas, eventualmente, com a raspadinha, ela tinha esperança.
Como aquela realidade foi muito diferente da minha infância, eu nunca entendi isso.
Para falar a verdade, eu sempre tive muita dificuldade de entender como é que as pessoas apostam tanto, gastam tanto dinheiro com loteria.
Tem uma frase clássica que fala que loteria é um imposto que é cobrado sobre quem não sabe fazer conta.
Porque a probabilidade de ganhar é tão baixa que, basicamente, você está jogando o dinheiro fora.
Essa história me fez entender o ponto de vista de quem joga.
A revelação veio acompanhada de um dado surpreendente: nos EUA, o total gasto com loteria supera o investimento em indústrias como games, livros, música e shows.
O que as pessoas estão realmente comprando com esse dinheiro?
A possibilidade, por mais remota que seja, de transformar suas vidas.
Essa compreensão me fez refletir sobre como julgamos as escolhas dos outros sem nos colocarmos em seus lugares.
Esse fenômeno não se limita a escolhas pessoais, como o jogo da loteria.
Mas se estende a questões mais amplas, especialmente no âmbito político.
Atualmente, a incapacidade de ouvir e considerar pontos de vista diferentes não apenas empobrece o debate público.
Mas também compromete a qualidade das decisões governamentais ao redor do mundo.
As discussões transformaram-se em confrontos. A empatia e o entendimento mútuo são os grandes derrotados.
É hora de reconhecer que a diversidade de experiências e perspectivas é uma riqueza, não um obstáculo.
A história da mãe que comprava raspadinhas como uma forma de manter viva a esperança de uma vida melhor é um poderoso lembrete de que nossas realidades são moldadas por nossas experiências.
Ao tentarmos entender o mundo a partir da perspectiva do outro, não apenas ampliamos nossa visão, mas também cultivamos a empatia, um ingrediente essencial para uma sociedade mais coesa e compreensiva.
Em um mundo cada vez mais polarizado, a capacidade de ouvir e valorizar diferentes pontos de vista é mais importante do que nunca.
Que possamos aprender com as histórias e reconhecer que, por trás de cada escolha, há uma história, uma esperança e uma perspectiva que merece ser compreendida.
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Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultoria e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.
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