02/2019
Por Ricardo Amorim
O governo Bolsonaro mal começou. Julgá-lo agora seria precipitado. Por outro lado, chegando próximo ao final do seu primeiro mês já dá, ao menos para vermos algumas de suas sinalizações e para onde elas apontam.
Começando pelas boas notícias. Bolsonaro cumpriu sua promessa eleitoral de alijar os partidos políticos da formação do seu ministério. Sempre desconfiei que esta fosse apenas uma promessa de campanha, que seria rapidamente descumprida. Felizmente, eu estava enganado. Seu ministério foi formado por critérios técnicos – como nos casos de Paulo Guedes e Sergio Moro – ou indicações de bancadas temáticas do Congresso – umas afeitas ao próprio assunto do ministério – como na agricultura e saúde – outras, mais questionáveis, não – como na educação e relações exteriores.
Além disso, Bolsonaro deu vários sinais de que pretende governar para todos os brasileiros e reconheceu suas limitações em relação a vários assuntos, o que limita o risco de decisões atabalhoadas.
Por outro lado, sob outros aspectos, o governo vem deixando a desejar até aqui. Sua comunicação tem sido bastante confusa. Com frequência, um ministro e até o próprio Presidente Bolsonaro, acabam sendo desmentidos. Isto enfraquece a credibilidade dos anúncios do governo e reduz sua capacidade de gerar expectativas positivas. A participação do governo e, em especial, do próprio Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial em Davos, onde se esperava uma posição de protagonismo do Brasil, foi decepcionante.
Além disso, o governo não incluiu entre suas prioridades para os primeiros 100 dias, a Reforma da Previdência, a mais importante medida para garantir a estabilidade e o crescimento da economia brasileira nos próximos anos.
Para completar, as acusações que vêm atingindo seu filho Flavio têm deixado o presidente em situações desconfortáveis.
O governo mal começou. Ainda dá tempo de se consertar tudo isso, mas é bom o governo fazer isso antes que os erros possam ter consequências mais graves quando, em fevereiro, o legislativo voltar a funcionar, as cobranças dos governadores aumentarem e as expectativas de investidores e empresários de avanços da Reforma da Previdência se tornarem mais prementes.
Os últimos números de crescimento econômico, geração de empregos com carteira e inflação têm sido bons e a bolsa de valores tem batido recordes. Esperemos que o governo corrija seus erros e isto seja apenas o presságio de resultados ainda muito melhores ao longo deste e dos próximos anos.
Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultoria e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.
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