07/2014
Por Ricardo Amorim
Em média, cada trabalhador brasileiro é hoje menos produtivo do que há 3 décadas. Como consequência, a produtividade nos EUA é cinco vezes maior do que no Brasil. Em outras palavras, para fazer a mesma tarefa que um trabalhador americano executa sozinho, necessitamos de cinco trabalhadores brasileiros.
Três causas explicam nossa baixíssima produtividade. A mais importante e óbvia é a péssima qualidade da educação no país. Nosso currículo básico contém disciplinas demais, que não chegam a ser aprendidas e, mesmo quando são aprendidas, quase nunca chegam a ser usadas na vida fora das escolas. Enquanto isso, a maioria dos brasileiros não aprende o básico. Segundo o Banco Mundial, entre 148 países, estamos em 136º em qualidade de ensino de matemática e ciências, sem falar nas dezenas de milhões de analfabetos funcionais e analfabetos financeiros. Por que não focar em disciplinas que todos usarão, como comunicação, compreensão de texto, aritmética e matemática financeira básica?
Além disso, nosso ensino está voltado para o mundo do passado, onde as informações eram escassas. Hoje, ao contrário, informações são livremente disponíveis. O desafio é compreendê-las, separar o importante do irrelevante e conectá-las. Em outras palavras, ensinar e treinar atitudes e métodos. Empreendedorismo e proatividade, por exemplo, deveriam fazer parte do currículo básico.
Recebendo estudantes mal preparados, as empresas tentam suprir as lacunas. O sistema S faz um belo trabalho em formar profissionais voltados para a realidade do mercado de trabalho, mas sua escala é insuficiente. A Alemanha, um dos países mais produtivos e inovadores do mundo, tem exatamente no ensino técnico a base de seu sucesso.
A segunda razão para a baixa produtividade brasileira é o baixo grau de mecanização, automação e investimentos em software e hardware. Além de, em geral, ser mal qualificada, nossa mão de obra, normalmente, carece de equipamentos e instrumentos que poderiam aumentar sua produtividade. Historicamente, mão de obra era barata e máquinas muito caras por aqui, mas um encarecimento da mão de obra não acompanhado por alta semelhante da produtividade dos trabalhadores mudou esta realidade nos últimos anos.
Por fim, excesso de burocracia e regulamentação governamental atravancam o país e reduzem nossa produtividade. Segundo o Banco Mundial, o Brasil é o 2º país onde a regulamentação governamental é mais custosa em todo o planeta.
Em resumo, para crescer mais rápido o Brasil precisa de um choque de produtividade que só será possível com uma revolução em nosso sistema educacional, grandes investimentos em automação e infraestrutura e um grande esforço de desburocratização.
Ricardo Amorim
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Apresentador do Manhattan Connection da Globonews, colunista da revista IstoÉ, presidente da Ricam Consultoria, único brasileiro na lista dos melhores e mais importantes palestrantes mundiais do Speakers Corner e economista mais influente do Brasil segundo o site Klout.com.