Matéria sobre a palestra de Ricardo Amorim "Brasil: um futuro mais saudável" sobre perspectivas para o setor de saúde.

Revista Abradilan

Ed. Setembro 2011

 

 

A palestra de encerramento da assembléia Abradilan foi ministrada pelo economista Ricardo Amorim, colunista da Revista IstoÉ, apresentador do programa Manhattan Connection, do canal pago Globo News e consultor econômico e financeiro, de investimentos e de estratégia no Brasil e exterior.

 

O economista iniciou a apresentação falando das três principais transformações da economia mundial nos últimos 10 anos que foram extremamente favoráveis ao Brasil. A primeira foi a uma explosão na demanda de matérias-primas, impactada pela emergência da China e da Índia. “Para a economia nacional, significa dizer que o Brasil vai continuar vendendo matéria- prima e trazendo divisas”, avalia Amorim.

 

A segunda, que é uma consequência do primeiro aspecto, é que o país passa a produzir coisas mais baratas e derrubar a inflação no mundo. “Com a inflação mais baixa, os juros caem e juros mais baixos significam que países que exportam capital, como Estados Unidos, Europa e Japão, venderão dinheiro mais barato”, diz o economista prevendo a crise iminente da Europa no início do próximo ano.

 

A última grande transformação está associada às duas primeiras, e é o fato de que, com a crise, as oportunidades começaram a vir para os países emergentes como o Brasil. Amorim observa que os brasileiros que estavam trabalhando em outros países estão retornando e que o país começa a receber estrangeiros no mercado de trabalho. Segundo ele, nos últimos três anos 400 mil brasileiros retornaram ao país e o número de vistos de trabalho para estrangeiros triplicou nesse período.

 

A consequência disso é que o Brasil está crescendo o dobro. ”De 2004 para cá a média de crescimento foi de 4,9%, o dobro dos 24 anos anteriores que era de 2,4%”, aponta o economista. ”Continuamos com problemas de carga tributária, infra-estrutura e corrupção, ainda assim o cenário econômico mundial tem sido muito favorável ao país”, completa.

 

Nesse ambiente, alguns setores e áreas da economia estão se beneficiando mais do que outros. “A população que compõe a base da pirâmide é a que mais está crescendo e os setores que fazem negócios mais voltados para ela estão se beneficiando disso”, diz o economista.

 

Como boa parte desse crescimento está no agronegócio, a população mais pobre, o interior e os locais menos favorecidos economicamente estão crescendo mais do que os lugares mais ricos. Do ponto de vista demográfico, isso significa que as regiões mais amplas como centro-oeste, norte e nordeste apresentarão maiores oportunidades. “Setores ligados ao crédito como imobiliário, de construção civil e automotivo, e em menor grau, eletroeletrônicos e viagens serão altamente impactados”, avisa.

 

Resultado de tudo isso é que cada vez mais pessoas terão acesso à compra e passarão a procurar por itens ligados à qualidade de vida. ”O Brasil virou um país de classe média, e esse grupo vai exigir coisas que eram diferentes de quando o país era um país de pobre. A saúde está entre essas necessidades”.

 

Como tendência de médio e longo prazo, ele estima que o setor de distribuição, em especial os associados à Abradilan vai crescer muito mais do que o PIB brasileiro, por três razões: o setor em si está em ascensão, o distribuidor está na área certa, ou seja, não sofrerá o mesmo impacto da indústria no que se refere à variação cambial nos preços dos insumos farmacêuticos, e a capilaridade, pois distribuidor regional consegue chegar nos locais com maior potencial de crescimento.

 

Amorim destaca como potencial a ser explorado para a distribuição o investimento em locais com maior projeção de desenvolvimento: “O empresário tem que chegar aos lugares menos óbvios porque é lá que o crescimento será maior”.

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