Ainda difícil, mas muito possivelmente melhorando. As muitas medidas de ajuste que o governo tem adotado têm de corrigir uma série de desequilíbrios que se formaram principalmente nos últimos quatro anos. Infelizmente, 2015 será mais um ano difícil, com uma pequena queda do PIB. Os ajustes necessários são dolorosos. Como um doente que tem câncer e precisa passar por uma quimioterapia, antes de nos sentirmos melhor, vamos nos sentir ainda pior do que antes por conta dos efeitos colaterais do tratamento.
O ajuste das contas públicas, por exemplo, é inevitável, mas o aumento de impostos e o corte de gastos públicos são inicialmente recessivos, retirando dinheiro da economia em 2015, também limitando o crescimento.
Além disso, um racionamento brando de água e energia elétrica deveria ter começado no ano passado, forçando empresas e pessoas a reduzirem o consumo de água e energia. No entanto, como era um ano eleitoral, não só isto não aconteceu, mas tanto o governo federal quanto os estaduais esconderam a gravidade do problema, fazendo com que empresas e pessoas físicas não se preparassem para lidar com ele. Por isso, o ajuste agora terá de ser muito mais radical, com consequências muito mais drásticas. No caso do setor elétrico, há outra causa ainda mais grave. A crise atual foi causada em grande medida pela desastrada tentativa do governo de reduzir o preço da energia no Brasil, que reduziu sensivelmente a rentabilidade no setor, levando a redução de investimentos em geração e transmissão de energia, que se tivessem ocorrido, teriam nos deixado em uma situação muito mais confortável agora.
No entanto, se arrumarmos a casa em 2015, retomando a confiança de empresários e consumidores, podemos retomar um ciclo de crescimento mais acelerado no final do ano e nos anos seguintes, o que colaboraria para a recuperação da venda de imóveis.
Ricardo Amorim projeta economia brasileira para os próximos anos
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