Renovação política? Que renovação política?

08/2018

Por Ricardo Amorim

 

 
Nos últimos tempos, a aversão à classe política é um fenômeno mundial. Em todo o mundo, eleições têm sido ganhas por candidatos que até recentemente não eram políticos e partidos recém-criados, como Donald Trump nos EUA, Macron e seu Em Marcha! na França e o Movimento Cinco Estrelas na Itália.
 
No Brasil, com a maior crise econômica da História e infindáveis escândalos de corrupção, a confiança nos políticos é a mais baixa entre todos os 137 países pesquisados pelo Fórum Econômico Mundial.
 
Tudo isto sugeriria que a renovação nas próximas eleições a Presidente, governadores, senadores e deputados deveria ser grande. Aparentemente, deve acontecer exatamente o contrário.
 
Estudo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) feito em dezembro do ano passado projeta um baixo índice de renovação do Congresso, provavelmente menor que a média de 49% das últimas cinco eleições. Razões não faltam. Para começar, o número de deputados federais tentando se reeleger deve ser recorde. Nove em cada dez deputados federais devem concorrer à reeleição por um simples motivo: manter o foro privilegiado para reduzir a probabilidade de que venham a ser presos por denúncias de corrupção. Além disso, o tempo de campanha será menor – só 45 dias – tornando mais difícil para novos candidatos tornarem-se conhecidos, o que aumenta a importância da base eleitoral já consolidada daqueles que já têm mandato. Por fim, congressistas concorrendo a novas eleições sempre tiveram muito mais poder de barganha nas negociações com os partidos por tempo de TV, mas agora também têm acesso a mais recursos do fundo eleitoral criado por eles mesmos para financiar suas candidaturas.
 
Nas disputas nos estados, o quadro não é diferente. Dezesseis governadores concorrerão à reeleição, o maior número desde 2006.
 
Ainda assim, talvez o mais impressionante seja a falta de renovação nos candidatos a Presidente. Das 13 candidaturas registradas, apenas uma – a de João Amôedo, do também recém-criado Partido NOVO – não é de um politico de carteirinha, que já participa há décadas da política brasileira. A falta de renovação é tão grande que muitos veem como renovação um deputado federal em seu sétimo mandato com 3 filhos na política.
 
A conclusão óbvia é que o esforço da classe política em se perpetuar no poder tem tudo para ser bem sucedido. Se você não quer que isso aconteça, pesquise, busque novas alternativas e use o poder do voto. Se não fizer isso agora, outra chance só daqui a 4 anos.
 
Ricardo Amorimautor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedInúnico brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultoria e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.
 
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