01/06/12
Por Joubert Lima
Crédito imobiliário é 5% do PIB, diz Ricardo Amorim.
Especialista explica por que o momento para investir em imóveis é agora, mesmo com os preços salgados. Para Ricardo Amorim, os preços tem fôlego para subir, inclusive no segmento de alto padrão
Como qualquer investimento, a aquisição de imóveis pensando em futura venda ou aluguel também tem sua carga de risco. Embora a valorização seja quase certa, nada garante de quanto será. Outra questão é a liquidez. Uma coisa é ter o apartamento bem avaliado, outra é encontrar um comprador disposto a pagar o valor da avaliação. Para reduzir esse risco, o especialista Ricardo Amorim recomenda o bom e sempre indispensável planejamento.
Para Ricardo Amorim, os preços tem fôlego para subir, inclusive no segmento de alto padrão. Saiba por quê na entrevista abaixo.
Com os preços em elevação, o momento não é complicado para a compra de imóveis?
Baseado na forte elevação dos preços dos imóveis no Brasil nos últimos anos, muitos concluem que os preços estão altos. No entanto, ao contrário do que a maioria acredita, os preços no Brasil não são mais altos do que na maior parte do mundo, pelo contrário. Nenhuma cidade brasileira está entre as 50 com preços de imóveis mais elevados.
Quem quer comprar para investir não fará melhor se deixar para comprar mais tarde, quando os juros caírem mais?
Pelo contrário. À medida que o custo de financiamento baixa, mais gente resolve comprar imóveis e mais os preços sobem com o aumento da demanda. Aliás, é isto que vem acontecendo desde 2004, impulsionando o preço dos imóveis. É provável que quem preferir esperar até consiga, efetivamente, pagar juros mais baixos, mas a alta do preço dos próprios imóveis deve acabar deixando a conta mais salgada, mesmo com juros menores.
Que outros motivos fizeram os preços subirem tanto no Brasil nos últimos anos?
Os preços eram absurdamente baixos em comparação com o resto do mundo devido à quase total falta de crédito no País, que limitava muito a procura por imóveis. À medida que o crédito começou a se expandir e as taxas de juros a cair, a procura aumentou e os preços subiram.
A alta chegou ao seu limite ou deve continuar nos próximos meses?
O ponto é que o total de crédito imobiliário no Brasil é de apenas 5% do PIB brasileiro, comparado com mais de 90% do PIB nos EUA e números similares na Europa e no Japão. Isto indica que o potencial para expansão do crédito imobiliário e, por consequência, de preços ainda é significativo no Brasil.
O mercado continua aquecido no segmento AA?
Neste segmento, é possível que se repita um fenômeno que foi importante no final de 2008 e ao longo de 2009, quando muitos investidores, preocupados com potenciais impactos da crise financeira global em seus ativos financeiros, aumentaram investimentos em imóveis, elevando, em particular, o preço de imóveis de alto padrão que, por terem valores mais elevados, funcionam melhor para receberem investimentos significativos rapidamente. Se a crise europeia e seus efeitos negativos em todo o mundo, inclusive no Brasil, piorarem, como acredito que acontecerá, é possível que este fenômeno se repita, favorecendo este segmento do mercado imobiliário.