Publicado em: www.clubelunico.com.br
dezembro de 2009
2009 não foi um ano fácil
Para quem viu as vendas sumirem, a produção parar e o desemprego aumentar no último trimestre de 2008 e 1º trimestre de 2009, fica difícil concordar com nosso presidente que só recebemos uma marolinha da crise financeira global. Em 2009, o PIB brasileiro não cresceu nada e a indústria até se retraiu.
Por outro lado, se é verdade que os efeitos da crise chegaram, sim, ao Brasil, é ainda mais verdade que a crise está sendo muito mais aguda, prolongada e séria nos países ricos do que a breve crise que passou por aqui. Se Lula errou na marolinha, acertou no tsunami.
Passada a crise financeira, verifica-se que o mundo não é mais o mesmo. Nunca antes na história deste planeta, as economias dos países ricos – EUA, Japão, Inglaterra, etc – e não dos países emergentes, como o Brasil, foram as mais atingidas por uma crise econômica.
Na realidade, o mundo já não era o mesmo muito antes da crise, mas a maioria de nós precisou que a crise viesse para dar conta de que algo novo e único está se passando na economia mundial: o mais amplo e profundo processo de transformação econômica que a geração atualmente viva já presenciou.
Desde a virada do milênio, o centro de gravidade da economia mundial vem se deslocando dos Estados Unidos e Europa, em direção à Ásia, mercados emergentes, e mais especificamente para a China e a Índia. A crise financeira global intensificou esse processo, mas não foi ela que deu início a ele.
Com a entrada da China para a Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, a economia global vem se refigurando de uma forma que beneficia amplamente os países emergentes e tem impactos negativos sobre os países ricos.
Em primeiro lugar, uma crescente incorporação da China e da Índia à economia globalizada desde o início deste milênio, ampliou sensivelmente a oferta mundial de mão de obra barata, afinal de contas o que não falta nesses países é oferta de braços para trabalhar. Isso fez com que parcelas crescentes da produção global se deslocassem para lá, reduzindo o custo de produção global e, por consequência, a inflação mundial. Junto com a inflação, caíram, ao longo desta década, a taxa de juros e o custo do capital em todo o mundo, beneficiando países emergentes, que importam capital para investir, e punindo os países ricos, que, como o próprio termo “ricos” já diz, é onde está o capital, que passou a ser exportado mais barato.
Além disso, quando a liderança do crescimento mundial passou para duas economias extremamente populosas e pobres – China e Índia – e não mais países ricos, a demanda de produtos básicos – comida, metais, minerais, fontes de energia como petróleo e etanol – as chamadas commodities, explodiu. Isso beneficiou novamente países emergentes como o Brasil, grandes exportadores desses produtos e puniu mais uma vez os países ricos, que importam esses mesmos produtos.
Como consequência desse processo, desde 2001, todo santo ano, os países emergentes têm sido responsáveis por pelo menos 60% do crescimento do PIB mundial, cabendo aos países ricos fatias cada vez mais marginais do crescimento do mundo. Aliás, em 2009, enquanto o PIB dos países ricos contraiu-se em média 3,2%, o PIB dos países emergentes cresceu 2,0%, puxado por uma expansão de cerca de 8,5% na China.
Assim como em 2009, a diferença de crescimento do PIB entre os países emergentes e os ricos também foi superior a 5% em 2007 e 2008. Em 2010, essa diferença em prol dos emergentes vai se repetir e nos anos seguintes a história não deve ser diferente. Enquanto houver grandes parcelas da população chinesa e indiana deixando o campo – e, por consequência, produzindo menos alimentos – e indo para as cidades para trabalhar na indústria e setor de serviços, exigindo a construção de toda infraestrutura urbana e reduzindo o custo de produção e a inflação nos setores de indústria e serviços, a liderança emergente não deve ser abalada, o que deve levar ainda de duas a três décadas.
Em resumo, a década que se encerra foi, provavelmente, a primeira de algumas, na qual veremos cada vez mais os países emergentes tomarem a liderança da economia mundial.
Ao longo deste período, esporadicamente, novas crises vão se materializar. Quando isso acontecer, estejam preparados para novas marolinhas por aqui e tsunamis por lá!
Por outro lado, se é verdade que os efeitos da crise chegaram, sim, ao Brasil, é ainda mais verdade que a crise está sendo muito mais aguda, prolongada e séria nos países ricos do que a breve crise que passou por aqui. Se Lula errou na marolinha, acertou no tsunami.
Passada a crise financeira, verifica-se que o mundo não é mais o mesmo. Nunca antes na história deste planeta, as economias dos países ricos – EUA, Japão, Inglaterra, etc – e não dos países emergentes, como o Brasil, foram as mais atingidas por uma crise econômica.
Na realidade, o mundo já não era o mesmo muito antes da crise, mas a maioria de nós precisou que a crise viesse para dar conta de que algo novo e único está se passando na economia mundial: o mais amplo e profundo processo de transformação econômica que a geração atualmente viva já presenciou.
Desde a virada do milênio, o centro de gravidade da economia mundial vem se deslocando dos Estados Unidos e Europa, em direção à Ásia, mercados emergentes, e mais especificamente para a China e a Índia. A crise financeira global intensificou esse processo, mas não foi ela que deu início a ele.
Com a entrada da China para a Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, a economia global vem se refigurando de uma forma que beneficia amplamente os países emergentes e tem impactos negativos sobre os países ricos.
Em primeiro lugar, uma crescente incorporação da China e da Índia à economia globalizada desde o início deste milênio, ampliou sensivelmente a oferta mundial de mão de obra barata, afinal de contas o que não falta nesses países é oferta de braços para trabalhar. Isso fez com que parcelas crescentes da produção global se deslocassem para lá, reduzindo o custo de produção global e, por consequência, a inflação mundial. Junto com a inflação, caíram, ao longo desta década, a taxa de juros e o custo do capital em todo o mundo, beneficiando países emergentes, que importam capital para investir, e punindo os países ricos, que, como o próprio termo “ricos” já diz, é onde está o capital, que passou a ser exportado mais barato.
Além disso, quando a liderança do crescimento mundial passou para duas economias extremamente populosas e pobres – China e Índia – e não mais países ricos, a demanda de produtos básicos – comida, metais, minerais, fontes de energia como petróleo e etanol – as chamadas commodities, explodiu. Isso beneficiou novamente países emergentes como o Brasil, grandes exportadores desses produtos e puniu mais uma vez os países ricos, que importam esses mesmos produtos.
Como consequência desse processo, desde 2001, todo santo ano, os países emergentes têm sido responsáveis por pelo menos 60% do crescimento do PIB mundial, cabendo aos países ricos fatias cada vez mais marginais do crescimento do mundo. Aliás, em 2009, enquanto o PIB dos países ricos contraiu-se em média 3,2%, o PIB dos países emergentes cresceu 2,0%, puxado por uma expansão de cerca de 8,5% na China.
Assim como em 2009, a diferença de crescimento do PIB entre os países emergentes e os ricos também foi superior a 5% em 2007 e 2008. Em 2010, essa diferença em prol dos emergentes vai se repetir e nos anos seguintes a história não deve ser diferente. Enquanto houver grandes parcelas da população chinesa e indiana deixando o campo – e, por consequência, produzindo menos alimentos – e indo para as cidades para trabalhar na indústria e setor de serviços, exigindo a construção de toda infraestrutura urbana e reduzindo o custo de produção e a inflação nos setores de indústria e serviços, a liderança emergente não deve ser abalada, o que deve levar ainda de duas a três décadas.
Em resumo, a década que se encerra foi, provavelmente, a primeira de algumas, na qual veremos cada vez mais os países emergentes tomarem a liderança da economia mundial.
Ao longo deste período, esporadicamente, novas crises vão se materializar. Quando isso acontecer, estejam preparados para novas marolinhas por aqui e tsunamis por lá!