09/2022
Por Ricardo Amorim
De uns tempos para cá, o sistema político brasileiro tornou-se completamente disfuncional. Não que ele funcionasse às mil maravilhas antes, mas o que era ruim ficou péssimo. O problema não é exclusividade brasileira. Mesmo países onde o sistema político funcionava bem vivem hoje o mesmo problema.
Migramos para o mundo online e para redes sociais que funcionam como caixas de ressonância de pessoas com opiniões parecidas com as nossas. Escutamos e lemos quem pensa como nós e concluímos que quase todos pensam assim, exatamente da mesma forma que grupos que pensam exatamente o oposto de nós concluem que quase todos pensam como eles.
Políticos carismáticos manipulam, inflamam e exacerbam estas percepções para se blindarem das consequências de qualquer escândalo que lhes envolva que venha à tona. Suas respectivas tribos são convencidas de que qualquer evidência contra eles só pode ser manipulação de opositores, da mídia ou da Justiça.
E assim, acabamos com uma sociedade ultra polarizada, com presidentes, governadores e prefeitos reféns do legislativo, com uma incapacidade de avançar reformas importantes para modernizar o país e tornar os brasileiros mais prósperos, com uma Justiça politizada e intervencionista e com grupos de mídia parciais que denigrem a imagem de toda a mídia.
Uma reforma eleitoral poderia ajudar a reverter este quadro, que ainda é agravado pelo sistema de eleições em dois turnos, que reforça a polarização e posiciona, já no início do mandato, uma grande parte do eleitorado e do legislativo contra quem acabou de eleger-se.
Minha proposta: acabamos com o 2º turno e para cada cargo majoritário, cada eleitor teria direito a dois votos, um positivo para o seu candidato preferido e outro negativo para quem ele não quer, de jeito nenhum, que seja eleito. O eleito seria o candidato com a soma de votos mais positiva.
Esse sistema forçaria os políticos a não apenas buscar atender os anseios de um determinado eleitorado, mas também a não alienar completamente outra parte do eleitorado, favorecendo políticos que nos unam e não os que nos colocam uns contra outros. Isso ajudaria muito também a melhorar a governabilidade de eventuais eleitos, o que os tornaria menos cooptáveis por interesses escusos de partes do legislativo, como acontece há tempos no Brasil.
Para evitar que o sistema fosse manipulado com o lançamento de candidaturas absurdas à esquerda ou à direita apenas para atrair votos negativos, poderia ser incluída uma barreira mínima de representação no legislativo para que os partidos pudessem lançar candidatos aos cargos majoritários, o que aliás também ajudaria a garantir a governabilidade dos futuros eleitos.
Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultoria e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.
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