A Hora é Agora – Resumo de palestra e entrevista de Ricardo Amorim à revista Viajante

03/2017

Revista Viajante

 

“A economia se comporta como um pêndulo, vai crescer e pode ser muito mais do que se imagina”

 
Economista, apresentador de televisão, palestrante brasileiro, colunista da Revista IstoÉ e autor do livro “Depois da Tempestade”, Ricardo Amorim participou da Convenção de Vendas da Marcopolo e conversou com a Revista Viajante.
 
Para Ricardo, o comportamento da economia demonstra que já estamos iniciando um ciclo virtuoso de crescimento. Quando ele vai se concretizar ninguém sabe, mas as oportunidades de sucesso virão e muito em breve. E destaca que “ quanto mais baixa a expectativa, como a que temos agora com relação à economia brasileira, mais fácil e maior é a surpresa positiva”
 
Revista Viajante – Como vê o atual momento brasileiro?
 
Ricardo Amorim – O Brasil enfrenta a pior crise de sua história, desde que comecei a analisar os dados econômicos, de 1900 para cá. O pior é que a crise envolve economia, política, o lado social, as instituições. As mudanças precisam ser feitas no País e o momento para isso é agora, pois a sociedade está mobilizada, atenta e cobrando. Se a reforma da previdência passar, e precisa passar, o País vai crescer muito, ao menos por alguns anos. Se outras reformas, como a tributária e a trabalhista também forem aprovadas, o ciclo favorável pode ser mais longo.
 
Mas por que olhar pelo retrovisor e não para a frente? Se guiarmos um ônibus olhando no retrovisor, por mais reta e livre que seja a trajetória, uma hora teremos uma curva ou um veículo e a colisão será inevitável. Precisamos olhar para a frente e o futuro não tem cara de passado. Acredito que 2017 será melhor do que os últimos anos e pior do que os próximos e que o futuro está cheio de oportunidades.
 
Digo que se soubermos em que fase do ciclo econômico aquele pais está, podemos acertar para que lado a economia vai andar. Parece simples, mas não é. O que posso dizer é que bons governos geram ciclos longos de crescimento e surpresas positivas. Maus governos, o oposto, ciclos decepcionantes e longos. Mas a boa notícia é que nenhum país que não estivesse em guerra ou guerra civil apresentou ciclo negativo por mais de seis anos… e não vamos chegar perto disso, pois já temos sinais que o ciclo virou.
 
Revista Viajante – Por que você acredita que as oportunidades estão “batendo à nossa porta”?
 
Ricardo Amorim – É uma questão de timing. E o fator que mais diferencia o êxito das empresas, por incrível que possa parecer não é produto ou mercado, ou preço e sim o timing. Os fatores são vários e todos consistentes. Estudo o comportamento da economia mundial e brasileira com dados de 115 anos de história e, sempre depois de uma crise como a que ainda enfrentamos, ocorre um ciclo de crescimento de três a oito anos, que no caso brasileiro sempre apresentaram taxas de expansão superiores a 5% ao ano. No caso das indústrias automotiva e de construção, que precisam de financiamento, a retomada demora um pouco mais para ser sentida, mas quando vem, vem muito forte. É como estou vendo os próximos anos.
 
Vocês estão na hora, no lugar e no setor certos. Na hora, porque a retomada está começando, ainda não chegou no setor do ônibus, mas vai chegar forte. No lugar certo, porque o Brasil é um país emergente e um dos quatro maiores mercados de consumo do mundo em potencial de crescimento, considerando-se as próximas décadas. É aqui que as coisas vão acontecer. Nos próximos 20 anos, cerca de 35 milhões de brasileiros devem subir para a classe média e ampliar o consumo. E no setor certo porque todo esse enorme contingente vai precisar ser transportado e o ônibus é o veículo/modal que vai absorver e realizar a maior parte dessa locomoção.
 
Revista Viajante – Por que para os setores de construção e automotivo a retomada demora mais?
 
Ricardo Amorim – Por que são indústrias que precisam de financiamento para poder atender a demanda. O operador precisa de financiamento para comprar o ônibus e não há crédito porque a confiança é baixa e os bancos acreditam que o risco de não receberem é muito grande. Com a elevação da confiança, a queda dos juros, do dólar e com a entrada de investimentos estrangeiros, como aconteceu em janeiro, a inflação em queda, os bancos vão voltar a financiar. É simples: se os juros continuarem a cair, a taxa que hoje está em 12% vai baixar para 7 ou 8%. Não é melhor emprestar dinheiro agora e fechar taxa em 12% do que esperar e ter que emprestar ganhando apenas 7 ou 8%? Os bancos sabem bem disso e vão financiar. E aí os setores automotivo e de construção vão iniciar a retomada.
 
 

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