Ricardo Amorim: "Retomada das vendas de imóveis só deve acontecer depois das eleições, com recuperação da confiança na economia brasileira."

09/2014

O Popular

 
A recuperação das vendas do mercado imobiliário à patamares anteriores dependerá muito da retomada da confiança do consumidor e dos empresários após o período eleitora, que gera muitas incertezas. A opinião é do economista, consultor e especialista em mercado imobiliário Ricardo Amorim, que esteve ontem em Goiânia como palestrante num evento de comemoração aos 30 anos da Adão Imóveis. Ele crê nessa recuperação porque a demanda ainda é maior que a oferta.
 
Ele lembra que a economia tem crescido menos e gerado menos empregos que antes. Também o crédito cresce num ritmo menor, o que significa menos consumo e compra imóvel. Além disso, muitos falavam num estouro de bolha imobiliária após a Copa, o que levou a retração dos compradores, pois muitos achavam que comprariam mais barato depois.
 
O terceiro fator de influência no mercado é a incerteza do cenário eleitoral. “Estamos tendo talvez a eleição mais concorrida e incerta da história recente do País e pessoas estão meio sem saber o que poder acontecer depois”, destaca Amorim. Por isso, antes de tomar uma decisão importante como a compra de imóvel, muita gente quer esperar um pouco mais para ver o que vai acontecer no próximo governo. Tudo isso Levou a uma queda do volume de vendas.
 
ELEIÇÃO
 
O economista acredita que, antes das eleições, é difícil uma mudança significativa. Mas, depois, as pessoas que atrasaram sua compra terão que tomar a decisão e voltar ao mercado num determinado momento. Com mais procura, as vendas e os preços devem voltar as subir. Ele também não acredita no risco de bolha imobiliária, pelo menos em breve. “Se isso vai acontecer daqui há alguns anos, ninguém sabe, mas não hoje”. A inadimplência só e grande (20%) no nível 1 do programa Minha Casa Minha Vida, voltado para a mais baixa renda, que tem garantia do governo.
 
A primeira razão para essa confiança é que não se está construindo tanto no Brasil como se pensa. Ricardo Amorim lembra que ano passado foram construídos 400 mil imóveis no País, mas houve 750 mil casamentos e 250 mil divórcios. Sem contar as pessoas que saem da casa dos pais e forma novos lares. “São mais de um milhão de novos lares ou 2,5 vezes o número de construções, sem falar no déficit habitacional de mais de 5 milhões de moradias. Então, não existe sobra”.
 
Para ele, a sensação de que o brasileiro está muito endividado também está errada porque a dívida imobiliária no País e de 8% do PIB. Em todos os países que tiveram estouro de bolha imobiliária, em todos o nível médio mínimo de crédito imobiliário em relação ao PIB era de 50%. “Estamos muito longe desse nível. Além disso, hoje o americano deve 20 vezes mais que o brasileiro e tem uma renda só cinco vezes maior”.
 
CONFIANÇA
 
No fundo, o que vai fazer o mercado voltar a crescer é a volta da confiança, que é a mais baixa entre os empresários e consumidores nos últimos seis anos. “Ninguém compra imóvel quando está com medo. Conseguir retomar essa confiança deve levar a uma recuperação”, prevê Amorim. Para ele, isso pode ocorrer entre o fim desse ano e início de 2015 e a retomada dependerá muito do resulta da eleição. “Se permanecer o governo atual, a chance de retomada é menor porque o choque de confiança implica mudança. Alguma coisa terá de ser feita diferente”.
 
Para Murilo Andrade, superintende da Adão Imóveis, as bases do mercado imobiliário são sólidas: crédito, renda e uso próprio, o que não mudou em nenhum cenário. Além disso, há um represamento de alguns compradores que aguardaram a Copa para comprar, e nada mudou, e as eleições agora. “Junta a demanda natural e a reprimida, que tendem a puxar os preços do metro quadrado para cima”. Além disso, segundo ele, Goiânia ainda tem um metro quadrado mais barato entre as capitais e uma renda alta. Por isso, a hora de comprar é agora.
 
Clique aqui para  ver a entrevista

 
 

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