Revista MANmagazine 01/2011
42 MANmagazine 01/2011 – Farol
O Brasil de Dilma
O que pode mudar na condução da política
econômica brasileira nos próximos quatro anos
>>> Mais do mesmo. A linha geral da política econômica do governo Dilma será similar à de Lula, que, por sua vez, não foi muito diferente da de Fernando Henrique. E isso é ótimo. O Brasil se tornou um país mais estável e previsível, em que as instituições são mais sólidas e mudanças presidenciais significam
ajustes e não viradas radicais de rumo de política econômica, como no passado.
Isso não significa que não haverá mudanças. Não teremos um “terceiro mandato” de Lula e, mesmo que tivéssemos, elas aconteceriam. Ao que tudo indica, Dilma favorecerá um Estado mais atuante na economia, adotando políticas industriais contundentes, capitaneadas por isenções tributárias e acesso a financiamentos do BNDES. Diga-se de passagem, tal processo já teve início nos dois últimos anos do governo Lula, mas, provavelmente, será intensificado.
O governo Dilma tem maioria absoluta tanto na Câmara quanto no Senado e, portanto, poderia, pelo menos em tese, aprovar reformas constitucionais que ajudariam o Brasil a crescer mais, incluindo as reformas tributárias e política e na previdência social. Entretanto, até agora, não há nenhuma proposta de reforma. Além disso, na prática, a situação política do governo Dilma é menos confortável do que os números de sua bancada sugeririam. Como a disputa por indicações nos ministérios deixou claro, a coalizão de apoio ao governo não parece muito sólida, o que limita sua capacidade de fazer mudanças radicais.
Por fim, o novo governo alimentou expectativas de que será agressivo no processo de queda dos juros e enfraquecimento do Real, o que tornaria as exportações brasileiras mais competitivas. Só o tempo dirá, mas desconfio que tais expectativas serão frustradas.
Ricardo Amorim é economista, palestrante, comentarista de TV
e presidente da Ricam Consultoria (www.ricamconsultoria.com.br)
Foto Daniel Aratangy