Desenvolver é preciso, destruir não é preciso.

Publicado na Revista FIEMG

em 10/2009

por Ricardo Amorim

Desenvolver é preciso, destruir não é preciso 
Atualmente, os desafios do desenvolvimento sustentável tem de ser encarados sob uma perspectiva não apenas muito mais ampla– envolvendo não apenas aspectos ambientais, mas também sociais, culturais, etc – mas tem de levar em consideração enormes transformações econômicas pelas quais o mundo está passando desde o início do milênio e continuará a passar nas próximas décadas. Desde a entrada da China para a Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, o centro de gravidade da economia mundial tem se deslocado dos países ricos para os países emergentes. Isto tornará os objetivos de sustentabilidade no campo social mais fáceis de serem atingidos, mas aumentará os desafios ambientais.
MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO
Desde a virada do milênio, o centro de gravidade da economia mundial tem saído de Estados Unidos e Europa e ido em direção à Ásia e mercados emergentes, em particular para a China e a Índia. A crise financeira global intensificará, e muito, este processo nos próximos anos.
MUDANÇA DO EIXO DA ECONOMIA MUNDIAL: DOS EUA PARA A ÁSIA
Nas últimas décadas, a Ásia vem crescendo e continuará a crescer muito mais rápido que o resto da economia mundial por vários fatores. Com isso, sua participação na economia mundial e no crescimento mundial também vem se expandindo. 2001, a contribuição dos países asiáticos e emergentes para o crescimento mundial tem sido muito maior do que dos EUA e Europa. Esta tendência intensificar-se-á em 2010 e nos próximos anos com uma recuperação econômica frágil na Europa e EUA. A economia brasileira e dos demais países emergentes exportadores de commodities terá um ótimo desempenho. Por outro lado, a utilização de recursos naturais aumentará exponencialmente nas próximas décadas dificultando o equilíbrio ecológico global.
DOMÍNIO DE PAÍSES EMERGENTES: RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS
Como as economias emergentes crescem mais rapidamente do que o resto do mundo, as empresas emergentes, mesmo as ainda desconhecidas do grande público, têm ganhado destaque no cenário mundial e já são as maiores do mundo em diversos setores, incluindo bancos, telecomunicações, petróleo e até automobilístico. Por consequência, a necessidade dos países emergentes em gerar seus próprios modelos de desenvolvimento sustentável aumentará devido ao desafio de equilibrar restrições ambientais com necessidade de desenvolvimento sócio-econômico em países pobres
BRASIL: SURFANDO A ONDA DE AUMENTO DE DEMANDA DE PRODUTOS BÁSICOS
Como os principais eixos do crescimento mundial atual, China e Índia, são países ainda muito pobres, populosos e em estágio de migração de economias rurais para urbanas, a demanda mundial por comida, metais, minério e energia explodiu e vai continuar em forte elevação nas duas próximas décadas, favorecendo as exportações brasileiras e o interior do país em geral e ajudando a melhorar a distribuição de renda tanto entre regiões distintas do país como dentro de cada região.
BRASIL: NA ROTA DA ABUNDÂNCIA
O Brasil, assim como a maioria dos países emergentes, se beneficiou deste novo panorama mundial. O crescimento do PIB brasileiro deve sustentar uma média de 5% ao ano a partir de 2010, o que ajudará substancialmente a diminuir as mazelas sociais brasileiras.
BRASIL: BOOM DE CRÉDITO
Controle da inflação e estabilidade econômica permitiram um boom de crédito nos últimos anos que continuará nos próximos anos, à medida que os juros caiam, sustentando forte expansão potencial de consumo de uma parcela da população que não tinha acesso a crédito antes. Além disso, inflação sob controle, aumentos reais do salário mínimo, e programas de distribuição de renda continuarão a causar um aumento sustentado da renda, principalmente entre os mais pobres, o que favorecerá a melhora de distribuição de renda.
CONCLUSÃO: ATENÇÃO AO MEIO AMBIENTE, ATRAVÉS DE DESENVOLVIMENTO DE NOVAS TECNOLOGIAS E PADRÃO DE CONSUMO MAIS CONSCIENTE
Felizmente, condições macroeconômicas favoráveis, somadas a políticas de investimento social crescente por parte de empresas e governos, devem ajudar a resolver, ao longo das próximas décadas, vários dos desafios sócio-econômicos dos países pobres. Por outro lado, à medida que grandes parcelas da população mais carente do Brasil e do mundo melhorar de condição econômica e consumir mais, a pressão sobre o meio ambiente aumentará. Para lidar com esta pressão, o desenvolvimento de novas tecnologias menos poluidoras deve ser incentivado tanto por políticas de governo quanto, principalmente, por todos nós, através de um estilo de consumo mais preocupado com a sustentabilidade sócio-ambiental.

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