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Ou o Brasil acaba com a polarização ou a polarização acaba com o Brasil

10/2022

Por Ricardo Amorim

 

O episódio de Roberto Jefferson atacando com granadas e tiros de fuzil policiais federais que foram executar ordem de prisão contra ele é mais um exemplo do desarranjo que líderes irresponsáveis criaram no país.

 

Jefferson já foi aliado de Lula e do PT e cumpriu prisão por seu envolvimento no mensalão.

 

Mais recentemente, em 08/2021, agora como membro da tropa de choque de Bolsonaro, foi preso por usar milícias digitais para atacar instituições e o processo eleitoral. Em janeiro, Moraes liberou-o para cumprir prisão domiciliar desde que respeitasse medidas cautelares, que ele não respeitou. A gota d’água foi um vídeo publicado por sua filha Cristiane Brasil nas redes sociais em que ele chama a ministra do STF, Carmén Lúcia, de “prostituta”, “arrombada” e “vagabunda”.

 

A ordem está desmoronando no país. Se este processo não for revertido, caminhamos para a anarquia. A maioria no Brasil parece convencida de que nenhuma instituição presta. Portanto, não precisa ser respeitada. Cada um tem o direito de fazer o que bem entender.

 

A esculhambação no Brasil começou com a reversão da condenação de Lula pelo STF. O senso de justiça foi para o espaço.

 

Desde então, Bolsonaro aproveita o fato para descredibilizar a Justiça e o processo eleitoral – o que lhe é conveniente considerando-se investigações de denúncias de corrupção contra seu próprio governo e sua família e o risco de derrota nas eleições.

 

Para completar, a Justiça abusa de seus poderes e o Congresso é indiferente à população, reforçando a narrativa.

 

O Brasil sente-se rachado por todos os lados: minorias contra maiorias, pobres contra ricos, Executivo contra Legislativo e/ou contra Judiciário, governo federal contra estados e municípios e, principalmente, bolsonaristas contra lulistas.

 

Neste processo tudo – saúde, educação, justiça, economia etc. – foi politizado. Discussões técnicas ficam de lado e a credibilidade das instituições cai cada vez mais.

 

Muitos apoiadores de um lado e de outro parecem convencidos de que estão em uma guerra santa. Qualquer prova contra seu salvador só pode ser parte de uma conspiração contra sua luta sagrada para salvar o país do mal representado pelos adversários políticos.

 

Como já disse diversas vezes, a economia brasileira tem tudo para ter um desempenho melhor do que a maioria imagina no ano que vem. Dificilmente, um próximo governo Bolsonaro ou Lula errarão tanto tão rapidamente para impedir que isto aconteça.

 

O que me preocupa não é a economia, ao menos não em 2023. O que me preocupa é mais fundamental: democracia, estabilidade institucional, justiça e respeito à lei; todos cada vez mais frágeis.

 

Em si só, estes já são valores tão importantes quanto a economia. Além disso, se continuarem a ser fragilizados, vão acabar enfraquecendo substancialmente também a economia e indicadores sociais por melhores que sejam as políticas econômicas e sociais do próximo governo, seja quem for o próximo Presidente.

 

Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultoria e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.

 

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