Talvez

04/2017

Por Ricardo Amorim

 

 

Imagine um país em que não haja limitações à terceirização do trabalho nem de atividades meio, nem de atividades fim.

 

Imagine que, nele, homens e mulheres só possam se aposentar após os 67 anos de idade e que, depois de aposentados, recebam em média menos da metade do que ganhavam enquanto trabalhavam. Meia entrada para idosos não existe lá.

 

Imagine que neste país não existam 30 dias de férias remuneradas. Imagine que os empregados têm de negociar com os patrões quanto tempo terão de férias e se elas são remuneradas ou não. Adicional de férias não existe por lá.

 

Imagine que 13º salário também não existe.

 

Imagine que mulheres grávidas só tenham direito a 12 semanas de licença maternidade e que durante o período de ausência elas não são remuneradas.

 

Imagine que os patrões possam negociar com os empregados se eles vão trabalhar em finais de semanas ou feriados nacionais. Adicional noturno, por horas extras, trabalho em finais de semana ou feriados não existem.

 

Imagine que não existem faculdades gratuitas, nem meia entrada para estudantes em cinemas, shows, teatro ou outros espetáculos.

 

Imagine um país onde ninguém tem estabilidade no emprego, nem os funcionários públicos.

 

Imagine um país onde não existe FGTS, muito menos adicional de 40% em caso de demissão sem justa causa.

 

Imagine que nele os trabalhadores não tenham um limite no número de horas que podem trabalhar. Seus patrões e eles podem combinar o que quiserem.

 

Imagine que o salario mínimo por lá fique 11 anos sem nenhum reajuste.

 

Imagine que não exista carteira de trabalho, nem Justiça Trabalhista.

 

Quem iria querer trabalhar e morar em um país assim? Quase todo o mundo. Este país existe. Ele se chama Estados Unidos e seu presidente está se esforçando para impedir a entrada de milhões e milhões de trabalhadores de outros países que a cada ano querem ir trabalhar lá.

 

Com regras assim, como tanta gente arrisca a vida e tantos outros se mudariam para lá neste exato segundo se pudessem? Talvez, porque por estas e outras razões, os preços e a inflação são muito menores do que aqui, a taxa de desemprego é um terço da nossa e as pessoas ganham, em média 7 vezes mais do que aqui? Talvez…

 

Ricardo Amorimautor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner e ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças de 2016.

 

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