Matéria sobre palestra de Ricardo Amorim sobre oportunidades e desafios para pequenas empresas no Brasil

Incorporativa Pautas

03/2013

 
Pequenas empresas são a ‘bola da vez’ na economia brasileira *
Previsão foi apresentada na Feira do Empreendedor pelo economista Ricardo Amorim; ele chama de ‘pororoca econômica’ as transformações econômicas mundiais que favorecem os negócios de pequeno porte no País …
 
Uma das atrações da Feira do Empreendedor 2013 – Paraná, que acontece em Curitiba, foi a palestra-magna “Cenários da economia brasileira e as oportunidades para micro e pequenas empresas”, ministrada pelo economista Ricardo Amorim. Ele é considerado um dos melhores palestrantes do mundo quando o tema são cenários e tendências econômicas no Brasil e no exterior.
 
Mais de 1,9 mil pessoas lotaram o Teatro Positivo, para assistir a Ricardo Amorim. Segundo ele, o “economês”, assim como outras linguagens técnicas, esconde aspectos que são de fundamental importância para os empresários, inclusive, para aqueles que comandam negócios de pequeno porte.
 
O economista mostrou que o cenário é favorável para empresários de micro e pequenas empresas e que os resultados positivos podem perdurar nas próximas décadas. “O Brasil poderia se tornar a terceira economia do mundo em 2022, atrás da China e dos Estados Unidos se conseguisse reduzir a carga tributária e a burocracia e melhorar a infraestrutura e a educação”, comentou.
 
Mesmo num país burocrático, com deficiências na saúde, educação e infraestrutura na área de transporte, além de alta taxa tributária, baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e corrupção, de acordo com Ricardo Amorim, os empresários de pequenos negócios tem encontrado um ambiente favorável para prosperar nos últimos anos.
 
Para o economista, diversos fatores justificam as boas perspectivas para as micro e pequenas empresas
brasileiras. No entanto, a contribuição para o aquecimento da economia veio de outro continente, mais especificamente da China. “Com a migração dos chineses do campo para a cidade, a oferta de mão de obra global aumentou e o custo de produção naquele país ficou menor, ajudando a baratear produtos que o Brasil importa, além de reduzir as taxas de juros no mundo e no Brasil, o que permitiu uma maior oferta de crédito a pequenos e microempresários e seus clientes.”
 
As transformações na China provocaram mudanças no Brasil, na sua avaliação. As cidades chinesas começaram a crescer em um ritmo frenético e a exportação de matérias-primas brasileiras para o setor da construção civil, incluindo ferro, aço, cimento e concreto, também aumentaram exponencialmente.
 
Além disso, a China investiu pesado na fabricação de eletrônicos o que favoreceu as importações brasileiras. “As micro e pequenas empresas no Brasil passaram a vender os produtos chineses, com preços mais competitivos”, assinalou Ricardo Amorim. Esse fator, no seu entendimento, é um dos fatores que explica porque o comércio cresceu 7% em 2012 no Brasil, enquanto a produção da indústria caiu 3%.
 
“O comércio com a China se tornou um negócio lucrativo para os brasileiros, principalmente no varejo e no comércio. Já para o segmento industrial, a expansão da China é prejudicial”, acrescenta o economista.
 
Foi nesse momento da história que teve início um fenômeno batizado por Ricardo Amorim de “pororoca econômica”. Países emergentes como Brasil e China começaram a remar a favor da correnteza econômica e se destacam no cenário mundial que assiste a uma crise sem precedentes no continente europeu. “A taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas no Brasil tem sido mais alta em relação aos negócios de pequeno porte da Europa, o que nunca tinha acontecido na história.”
 
Expansão de crédito
 
Na opinião de Ricardo Amorim, a expansão de crédito é diretamente proporcional ao crescimento do comércio e do varejo no Brasil. Nos últimos seis anos, 57 milhões de pessoas ingressaram nas classes A, B e C, que apresentam grande potencial de consumo. “É como se o Brasil tivesse ganhado o equivalente à população inteira da Itália de novos consumidores.”
 
Para o economista, não há, pelo menos não ainda, uma ‘bolha’ de crédito no Brasil. A China deve continuar exportando produtos com preços atrativos para os brasileiros, já que a previsão é de aumento na migração da população do meio rural para os centros urbanos, o que garante a manutenção da mão de obra barata e, consequentemente, e produtos baratos a serem exportados.
 
“O crescimento das micro e pequenas empresas brasileiras é resultado da lei da oferta e da procura. Com a grande oferta de produtos chineses no mercado, a tendência do preço é diminuir, o que aumenta o consumo. O aumento da renda familiar, com o auxílio de programas como o Bolsa-Família, também estimula o consumo.”
 
Geração de renda
 
A crise econômica mundial baixou a taxa de juros, atraiu investimento e mão de obra estrangeira para o Brasil. O País gerou 17 milhões de empregos ao longo dos últimos dez anos. Outra razão para o crescimento do número de postos de trabalho é a inversão da pirâmide de renda. “Na geometria social, a pirâmide virou um losango”, salientou Ricardo Amorim.
 
De acordo com o economista, a população infantil diminui nos últimos 10 anos e, atualmente, o Brasil é formado, em grande parte, por uma população jovem economicamente ativa. “Todas essas mudanças incentivam o consumo e beneficiam o desenvolvimento das micro e pequenas empresas, que crescem em um ritmo mais acelerado que o Brasil”, avaliou.
 
Ele destacou ainda que a formalização dos microempreendedores individuais é outro fator que está provocando aquecimento na economia, uma vez que, além de arrecadar impostos, é mais uma fonte de geração de renda.
 
Papel fundamental
 
De acordo com o diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo Costa, a economia é um assunto árido, sobre o qual poucos se interessam. No entanto, ela influi no cotidiano das pessoas e no desenvolvimento do País. Por essa razão, a compreensão do “economês” se faz necessária.
 
“É uma ciência que pode tornar o mundo melhor para nossos filhos. Precisamos entendê-la para saber cobrar dos governantes políticas econômicas favoráveis ao crescimento do País”, afirmou.
 
A empresária Francisca Martinelli elogiou a iniciativa do Sebrae/PR, de trazer um especialista para falar de economia na Feira do Empreendedor. “A palestra foi objetiva e esclarecedora e motivou os empresários de pequeno de porte”, analisou.
 
Currículo
Ricardo Amorim é economista formado pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Administração e Finanças Internacionais pela ESSEC de Paris. Atua no mercado financeiro desde 1992, trabalhou em Nova York, Paris e São Paulo, sempre como economista e estrategista de investimentos. Também é apresentador do Manhattan Connection, transmitido pela Globo News, colunista da revista Isto É e presidente da Ricam Consultoria.
 
 

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