Matéria sobre palestra de Ricardo Amorim sobre oportunidades no agronegócio brasileiro

09/2015

ABRAPA

 

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O economista Ricardo Amorim abriu as palestras do segundo dia de trabalho no 10º Congresso Brasileiro do Algodão, nesta quarta-feira (2/9), com foco no contexto econômico internacional e brasileiro e no momento político pelo qual passa o País. A palavra crise esteve no centro da conversa, mas o palestrante é otimista. “Faz cinco anos que o Brasil está cavando o poço. Este ano é o fundo do poço. O ano que vem não será um bom ano, mas não irá afundar mais”, afirmou, destacando que na segunda metade de 2016 as surpresas começarão a ser boas.

 
As incertezas políticas que afligem produtores, empresários e investidores estão no caminho de serem sanadas. Segundo o economista, existem duas possibilidades. Na primeira, o Brasil coloca a casa em ordem, reduz a inflação e melhora as contas externas e as públicas. “Esta última é mais difícil de ser ajustada porque o Congresso quer ver o circo pegar fogo”, destaca. Se a presidente não conseguir efetuar essas mudanças, a segunda opção deve ganhar corpo:  o desemprego aumenta e no meio do caminho, ela cai. “Nesse caso, entra provavelmente alguém como Michel Temer, com mais apoio, e o crescimento será mais forte. Nos dois casos, as surpresas começam a ficar positivas a partir da segunda metade do ano que vem”, avisa.

 

No que se refere a uma possibilidade de impeachment da presidente Dilma, Amorim afirma que sempre acreditou em um risco grande por conta da impopularidade crescente. Mas, no caso da atual chefe do executivo brasileiro, existe uma diferença grande em relação ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, que deixou o cargo em 1992. “ O PRN, partido de Collor era muito fraco e pequeno. O PT é um partido forte, poderoso”.

 

O economista destaca a necessidade de o governo voltar a investir em infraestrutura. “O modelo de desenvolvimento que estimula consumo não funciona. Precisamos estimular a produção. A presidente Dilma reconheceu isso, há três meses”, afirma. As dificuldades em ampliar investimentos em infraestrutura encontram uma barreira no momento: as denúncias que envolvem as grandes empreitas responsáveis pelo setor.

 

Mas as denúncias entram agora em outro momento. “Há quatro meses, entramos na fase de prender políticos. Antes eram os empresários”. O resultado é um aumento da tensão entre o executivo e legislativo. Assim, a expectativa é de um crescimento da incerteza política nos próximos meses, o que leva as empresas a desacelerarem e os consumidores também a travarem suas compras.

 

Do limão, uma limonada

 

Ricardo Amorim falou mais de uma vez de um quadro melhor no segundo semestre de 2016 e destacou a importância de os produtores aproveitarem o momento de crise para buscarem soluções criativas para o seu negócio, além de aproveitarem para colocar a casa em ordem. “A situação vira, quando tiramos o medo de campo. O medo trava a economia”, ressaltou.

 

Embora o tema da vez seja a crise, o economista lembrou que o Brasil, um país emergente, vive, assim como os demais em condição semelhante, um período de expansão. “Nos últimos 15 anos, mais da metade do crescimento mundial aconteceu nos países emergentes. Isso é uma novidade, ¾ do crescimento mundial aconteceu fora das economias desenvolvidas”, ressaltou.

 

Amorim explicou que no primeiro mandato do governo Dilma foram tomadas decisões erradas, que a presidente tenta corrigir agora, em seu segundo tempo à frente do executivo. “Os problemas estão ligados a coisas que ficaram para trás e estão sendo resolvidas. Aos trancos e barrancos, mas estão sendo”, destaca.

 

Num contexto de crise, defende Amorim, é preciso pensar em inovar. Ele citou um estudo que indica que empresas de sucesso o obtiveram porque implementaram um negócio no “timing” correto.  “É preciso usar a crise para catapultar voos mais altos, para saltar para frente”, conclamou, citando como exemplo de oportunidade em meio à crise o ‘case’ das sandálias Havaianas, que hoje chegam a ser comercializadas na Europa por 150 euros.


Seguindo este raciocínio, o economista lembrou que o algodão é o maior caso de sucesso no agronegócio brasileiro. “Mas o produto é visto ainda como commodity. Será que não há como construir uma marca? Vocês deram um salto de produtividade e qualidade brutal. Falta fortalecer essa marca do algodão do Brasil”. Outra sugestão apresentada pelo palestrante foi avançar em acordos bilaterais. “Os acordos de livre comércio são importantes. É preciso criar estudos de acordos bilaterais. Isso também força o governo a andar”, concluiu.
 
 

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