Matéria sobre palestra sobre perspectivas para a economia brasileira e o setor de seguros

05/2014

CNseg

Por Sônia Araripe

 
Ricardo Amorim, CEO da Ricam Consultoria Empresarial, é interlocutor privilegiado. Com a experiência de anos em instituições financeiras em Nova York, ele se especializou em cenários globais e, de volta ao Brasil, como o nosso país tem se inserido neste verdadeiro “jogo de xadrez”. Rápido de raciocínio, estudioso não só de fenômenos atuais, mas também do que aconteceu ao longo da História, o consultor tem sido interlocutor e palestrante muito requisitado.
 
Co-autor de vários livros, comentarista do programa “Manhattan Connection”, Amorim foi destaque no 3º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, realizado nos dias 8 e 9 de abril em Hotel na Zona Sul carioca para plateia bem representativa de público especializado. O evento foi realizado pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) em parceria com a Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber), Associação Brasileira das Empresas de Corretagem de Seguros (Abecor) e Escola Nacional de Seguros. Várias autoridades do setor e executivos de resseguradoras e seguradoras compareceram, além da presença de vários convidados internacionais.
 
Ao longo de cerca de uma hora de palestra, o economista traçou cenário objetivo sobre os rumos da economia brasileira hoje e para os próximos anos. Na seguida, relataremos um resumo do cenário apresentado na palestra.
 
Ao fim da palestra, conversando com exclusividade com esta coluna, o CEO da Ricam Consultoria destacou várias oportunidades reais de negócios e de crescimento para o mercado segurador e ressegurador, muitos com o viés socioambiental. “Vejo potencial na agricultura, diante das oscilações de preços e dos efeitos do clima nas safras. Produto para proteção das oscilação é muito importante. Outro segmento que pode ter oportunidades para o setor de seguros é o do imobiliário, por conta do medo de estourar bolha. Muitos investidores temem agora imóveis por causa deste risco, mas um seguro poderia remunerar a diferença do mercado caso a bolha estourasse, o que eu, particularmente não acredito”, explicou.
 
Não é só. Amorim também prevê que o verdadeiro “boom” do mercado de óleo e gás pode render bons negócios em responsabilidade civil ambiental. “A exploração do pré-sal é cada vez mais profunda e envolvendo muita tecnologia. O mercado segurador e ressegurador tem papel decisivo neste cenário”, disse.
 
Citando a mudança na faixa etária brasileira, com pessoas cada vez mais longevas e menor natalidade, o economista também prevê maior crescimento em vida e saúde.
 
E lembrou que diante das mudanças climáticas, os mercados segurador e ressegurador também têm grandes oportunidades. Na questão do clima lembrou que ninguém mais entende como o quadro está tão mudado. Verão acentuado no Sul, chuvas torrenciais isolando o Acre e por aí segue. “Não podemos jogar a culpa apenas em São Pedro”, lembro Amorim. O setor agropecuário tem sofrido ainda mais, destacou o economista, lembrando que as altas e baixas das commodities têm sido enormes.
 
Em sua palestra, o consultor destacou que o Brasil está competindo com outros grandes mercados, como a China e Índia e precisa estar preparado. “Não estamos sozinhos e temos várias questões serias a serem resolvidas”, frisou.
 
O economista enumerou estes problemas a começar pelos baixos investimentos em infraestrutura – energia, transportes, etc – e também o nó da questão fiscal. Mesmo com as obras em curso por conta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e dos eventos esportivos – Copa e Olimpíadas – é preciso relativizar perto do que está sendo feito em outros países, citou Amorim. “No Brasil, e há quem diga que o País está um canteiro de obras, foram construídas 400 mil moradias no último ano. Na China, esse número chegou a 22 milhões. A diferença é de 55 vezes e a China não tem 55 vezes a população brasileira.”
 
Com conhecimento apurado das recentes estatísticas do Brasil e do mundo, o palestrante alertou que o crescimento mais acentuado recente foi “sorte”, impulsionado principalmente pelo cenário externo. E afirmou que como não acredita em baixo crescimento em ano eleitoral, previu que haverá uma “mudança no atual modelo econômico”. “Não tenho dúvidas que isso acontecerá”, frisou.
 
Falando para seguradores e resseguradores, Amorim advertiu que será urgente, daqui para a frente, melhorar muito em produtividade.
O boom de cidades do interior, impulsionadas pelo agronegócio, foi outro fator destacado na palestra, assim como a mudança da demografia no Brasil, com cada vez mais idosos, entretanto, com perfil de ativos, consumindo e muitos ainda trabalhando, mesmo após se aposentarem.
 
O consultor advertiu que as estatísticas sobre emprego estão sendo vistas com viés errado. “Olhando o desemprego, a sensação é que está em queda. Mas o importante é ver que muitas pessoas já nem estão mais procurando nova colocação, principalmente mais jovens”, advertiu o economista. Ele chamou este grupo de “nem – nem”, ou seja, nem trabalham, nem estudam.
 
A educação de qualidade, destacou o consultor, é essencial para colocar o Brasil em pé de igualdade com outros países mais avançados. E citou também como muito relevante a qualificação de pessoas. “O setor de seguros, pelo o que tenho acompanhado, tem feito este trabalho”, observou.
 
 

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