06/2017
Por Ricardo Amorim
Não, não me refiro à atual situação do Brasil, em que a corrupção em escalas inimagináveis, envolvendo o próprio Presidente Temer, acabou com as condições de governabilidade e paralisou o Congresso e o país. Aliás, exatamente como já havia acontecido com sua antecessora, Dilma Rousseff.
Trata-se de um tema ainda mais importante para que o combate à corrupção seja bem sucedido e para que um país possa se tornar mais rico e mais justo: uma brutal mudança de mentalidade na relação da sociedade brasileira com o Estado.
Imagine que o Brasil não tivesse governo. Se não houvesse governo, não haveria orçamentos superfaturados de obras públicas. Marcelo Odebrecht e outros empreiteiros não teriam por que nem como subornar políticos e agentes públicos, nem estes teriam como achacá-los.
Se não houvesse governo, não haveria bancos estatais, como o BNDES. Sem o BNDES, Joesley Batista teria que buscar outras fontes de financiamento para a JBS, e não teria razão para dar mais de R$ 1 bilhão a 1.829 políticos, incluindo o Presidente Temer e os ex-presidentes Lula e Dilma.
Sem governo, a Petrobras não seria estatal. As decisões da empresa não teriam motivações políticas, seriam motivadas pela busca de resultados para a empresa e seus acionistas. Dezenas de bilhões de reais desviados por corrupção não teriam ido para o ralo.
Se não há governo, políticos não teriam como comprar o apoio de setores da sociedade com programas de benefícios a grupos específicos como Bolsa-Família, isenções fiscais, linhas de crédito subsidiado e outros, devolvendo a alguns uma boa parcela do dinheiro que tomaram de todos nós através de impostos.
OK, você deve estar se perguntando, e como garantir segurança, educação básica e saúde de qualidade a todos, além de combater a miséria, sem governo? O ponto é exatamente este. Para ter foco e dinheiro para isso, para não corromper e ser corrompido, para não sufocar a produção e o emprego no Brasil com impostos extorsivos e para executar bons serviços públicos, o governo não pode e não deve fazer todo o resto.
A essência da corrupção brasileira está na promiscuidade entre o Estado e a iniciativa privada. Quanto maior o Estado, maior a promiscuidade. Um Estado agigantado que distribui “favores” é fonte constante de corrupção. Quanto menos o Estado se envolver diretamente na economia – apenas regulando seu funcionamento – menos corrupção e mais riqueza haverá. Para ser máximo em eficiência, promoção de desenvolvimento e imune à corrupção, o Estado tem de ser mínimo em tamanho.
Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner e ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças.
Quer receber meus artigos por e-mail? Cadastre-se aqui.
Clique aqui e conheça as minhas palestras.
Siga-me no: Facebook, Twitter, YouTube, Instagram, Medium e Linkedin.